sexta-feira, 22 de maio de 2015

" Inimigos na Trincheira "

Editorial Zero Hora

Está sendo mais dramático do que o previsto, para o governo e para os que dependem do êxito do ajuste fiscal, o processo de tramitação das medidas que buscam reequilibrar as contas públicas.

 O mais novo impasse foi o adiamento no Senado, para a semana que vem, da votação da medida provisória que torna mais restritivas as condições para acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial do PIS-Pasep.

 Foi uma providência da liderança governista para evitar derrota no plenário, já que vários parlamentares, inclusive do PT e da base aliada, divulgaram manifesto comprometendo-se a votar contra as intenções do Executivo. Como as medidas são imprescindíveis para o ajuste fiscal, o Planalto terá que mobilizar novamente seus articuladores.

Ao que tudo indica, o embate político a qualquer custo está inviabilizando a tramitação do ajuste, porque seria ingênuo demais supor que o Congresso não tem a exata compreensão da urgência e do alcance de tais medidas. As reações dos que conspiram contra o esforço do ministro Joaquim Levy reúnem forças de todas as tendências, algumas dispostas apenas a dificultar a vida do Executivo e outras empenhadas em tentar fazer média com pontos de vista do sindicalismo. É reconhecido que as medidas têm altos custos, mas é impossível chegar ao ajuste sem que seus efeitos sejam compartilhados.

Enquanto o pacote de ajuste fiscal é menosprezado, o governo vai contabilizando os efeitos da estagnação nas próprias receitas. A arrecadação de impostos nos quatro primeiros meses caiu 2,4%. O boicote à disciplina fiscal atenta contra a tentativa de reordenamento da economia e, por consequência, de manutenção de rendas, empregos e conquistas sociais.

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