ARTIGOS - Arlete Gudolle Lopes*
Mais um ano letivo está prestes a se iniciar e os mesmos problemas que envolvem a educação se perpetuam sem visíveis soluções, já que o modelo de ensino adotado tem servido mais como instrumento para a obtenção de conformidade social, preservação de metodologias ultrapassadas e improdutivas do que preparador para mudanças. Isso ocorre porque a escola é o elo conservador da sociedade como produto de ideologia explícita voltada a manter determinados padrões sociais. Uma sociedade dinâmica que busca o desenvolvimento requer outro tipo de ensino e de escola, porque ensinar é um estado latente de preparação para a vida.
Se os gestores da educação insistirem em confirmar, sustentar e reproduzir um padrão de ensino centrado em contexto injusto, valendo-se de soluções paliativas com possibilidades de esquecer sua real função socializante, serão incapazes de transformar a sociedade internamente. Devem abandonar a cultura do passado e adotar inovações para que professores e alunos possam enfrentar evoluções rápidas e novas tecnologias. Ao adotarem objetivos, metodologias e ações docentes ultrapassados, alimentam o retrocesso cujo resultado induz à desintegração social, principalmente em países como o Brasil, que não se desvincula de modelo educacional falido e desconsidera a educação como prioridade nacional.
Nada mudará se a proposta educativa servir como barreira a qualquer processo desenvolvimentista, social ou individual, insistir em ações que interfiram de maneira restrita ou quase nula em mudanças sociais. Se o mundo da escola é universo subjacente, que rompe e ignora a inerência do homem, ao manter intacta a fórmula de comportamentos, tratará o aluno como um ente a seu serviço, jamais como o princípio e o fim da educação. Verifica-se, salvo honrosas exceções, que o sistema de ensino resume-se a um conjunto burocratizante de preceitos, técnicas e metodologias que não se unificam nem se integram. A adoção de ensino que trata todos da mesma forma, quando o próprio estrato social os diversifica, serve mais para manter um sistema que se mostra discriminador e injusto, gerador de mais conflitos, propulsor de conformismo, acomodação, alienamento e desinteresse dos alunos em relação à atuação escolar.
A educação mudará se seus agentes a tratarem como processo decisório e desobstacularizador de caminhos para novas gerações. Mesmo sem protótipos educacionais delimitados, professores podem usufruir de relativa liberdade para redefinir valores e normas educativas com bases conscientes, corajosas, sistemáticas, amparadas em novas tecnologias, capazes de enfraquecer tradições arraigadas que entravam o evoluir do aluno. Com tais posturas aliadas a mudanças expressivas nas bases pedagógicas e nos currículos das universidades na preparação de docentes, poderá se sonhar com ensino de qualidade.
*Professora e escritora
*Professora e escritora
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