A desigualdade está entre os principais fatores de risco que preocupam a elite mundial, a julgar pela atenção dada ao tema no fórum econômico de Davos.
Por outro lado, estudo recente do Banco Mundial mostra que, pela primeira vez desde a Revolução Industrial, caiu a diferença de renda entre os países na fronteira do desenvolvimento e os emergentes.
As afirmações são contraditórias somente na aparência. Com o fim da cortina de ferro e a abertura econômica da China e da Índia, centenas de milhões de pessoas passaram de um estado de subsistência precária à condição de nova classe média global.
Se diminuiu entre os países, a desigualdade aumentou, como regra, em cada contexto nacional. O fenômeno é particularmente claro no mundo desenvolvido.
Nos EUA, por exemplo, a renda real (corrigida pela inflação) do estrato intermediário não cresce desde meados dos anos 1970. Fatia esmagadora --e crescente-- da renda gerada fica com os mais ricos. Fato inédito, pesquisas de opinião revelam a expectativa de que a qualidade de vida dos mais jovens será inferior à da geração atual. O mesmo padrão ocorre em nações de tradição social-democrata.
As razões apontadas são a tecnologia, que poupa mão de obra menos educada, e a globalização, que amplia a concorrência com países de salários mais baixos. O desafio, portanto, é manter a integração de populações antes excluídas sem perder o controle sobre dinâmicas concentradoras de renda.
Quanto ao primeiro termo dessa equação, existe o risco de pressões protecionistas por parte das sociedades desenvolvidas, a fim de defender postos de trabalho. A abertura ao comércio tem sido uma das principais alavancas para o desenvolvimento dos emergentes.
O segundo aspecto é ainda mais complexo. É preciso que os países não só reforcem políticas compensatórias para reduzir a exclusão, mas também atuem para promover a igualdade de oportunidades.
A educação, como sempre, é o instrumento decisivo para garantir que a sorte de um indivíduo não seja determinada por sua origem social ou geográfica.
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Editorial - Folha de São Paulo
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/149362-mundo-desigual.shtml
A desigualdade está entre os principais fatores de risco que preocupam a elite mundial, a julgar pela atenção dada ao tema no fórum econômico de Davos.
Por outro lado, estudo recente do Banco Mundial mostra que, pela primeira vez desde a Revolução Industrial, caiu a diferença de renda entre os países na fronteira do desenvolvimento e os emergentes.
As afirmações são contraditórias somente na aparência. Com o fim da cortina de ferro e a abertura econômica da China e da Índia, centenas de milhões de pessoas passaram de um estado de subsistência precária à condição de nova classe média global.
Se diminuiu entre os países, a desigualdade aumentou, como regra, em cada contexto nacional. O fenômeno é particularmente claro no mundo desenvolvido.
Nos EUA, por exemplo, a renda real (corrigida pela inflação) do estrato intermediário não cresce desde meados dos anos 1970. Fatia esmagadora --e crescente-- da renda gerada fica com os mais ricos. Fato inédito, pesquisas de opinião revelam a expectativa de que a qualidade de vida dos mais jovens será inferior à da geração atual. O mesmo padrão ocorre em nações de tradição social-democrata.
As razões apontadas são a tecnologia, que poupa mão de obra menos educada, e a globalização, que amplia a concorrência com países de salários mais baixos. O desafio, portanto, é manter a integração de populações antes excluídas sem perder o controle sobre dinâmicas concentradoras de renda.
Quanto ao primeiro termo dessa equação, existe o risco de pressões protecionistas por parte das sociedades desenvolvidas, a fim de defender postos de trabalho. A abertura ao comércio tem sido uma das principais alavancas para o desenvolvimento dos emergentes.
O segundo aspecto é ainda mais complexo. É preciso que os países não só reforcem políticas compensatórias para reduzir a exclusão, mas também atuem para promover a igualdade de oportunidades.
A educação, como sempre, é o instrumento decisivo para garantir que a sorte de um indivíduo não seja determinada por sua origem social ou geográfica.
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Editorial - Folha de São Paulo
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/149362-mundo-desigual.shtml
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