sábado, 1 de setembro de 2012

" O mascote" - Nilson Souza


Sou mesmo um ingênuo. Tão logo li a notícia de que uma empresa multinacional patrocinadora da Fifa estava lançando um concurso para escolha do animal que representará a Copa de 2014, no Brasil, pensei no nosso simpático canarinho – que, afinal, já se consagrou como sinônimo da Seleção Brasileira, por causa da cor amarela.

Ao seguir adiante na leitura, porém, percebi que vários leitores já haviam mandado suas sugestões, quase todas criativas mas também autodepreciativas: burro, preguiça, hiena, mosquito da dengue, sanguessuga, rato de gravata e outros bichos mais ou menos asquerosos que, na visão desses irreverentes, poderiam representar a cultura nacional.

Animal é o que não falta neste país de florestas e pantanais. Temos tantos, que os especialistas divergem sobre o mais adequado para virar símbolo pátrio. A ave-símbolo já existe, foi escolhida por decreto presidencial há uma década. É o sabiá-laranjeira. Uma boa escolha, na minha opinião. Tenho, inclusive, um para chamar de meu, solto evidentemente, mas visitante assíduo do meu pátio, com a mordomia de um pote com água renovada todas as manhãs para o seu banho matinal. Em troca, ele cantou tanto nos últimos dias, que até a primavera apareceu em agosto.

Mas outros bichos maiores disputam a preferência nacional, da onça-pintada ao tamanduá-bandeira, passando por jacarés, lobos-guarás e araras. Qualquer um deles poderia simbolizar o nosso país, como a águia americana e o leão inglês.

Só que nenhum desses passou pelo crivo da Fifa. O anúncio oficial sairá em outubro, mas parece que deu zebra. Ou melhor: deu tatu-bola. O motivo da escolha é nobre: o animalzinho, nativo do cerrado e da caatinga, só existe em nosso país e está em extinção. Com a escolha, ele poderá ganhar a visibilidade necessária para uma campanha eficiente de preservação.
Pelo que li a respeito, o bichinho tem certa de 50 centímetros, hábitos noturnos e alimenta-se de cupins, formigas, raízes de plantas e frutas. E tem uma característica que o torna merecedor do pódio de mascote brasileiro para a Copa: quando ameaçado, encolhe-se e assume a forma de uma bola.

Mais emblemático, impossível.

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