Tenho escutado com frequência que morar em
cidade grande só traz vantagens: tem tudo o que se precisa, tudo o que se sonha!
Péra, não é bem assim: depende do que se sonha, depende do que se quer. Ontem
foi o meu dia de desatino. Encasquetei em seguir o conselho de uma amiga que
resolveu traçar um roteiro de compras para casa, no outro lado da cidade, longe
de onde moro. Disse-me que lá havia coisas do arco. Pedro e eu pegamos o
carro e... rumo ao desconhecido!
Fiquei
pensando, meio desconfiada, o que teria por lá de tão diferente que a criatura
deu tanta ênfase? Fomos com toda a calma e na esportiva, uma vez que
aquele lado da cidade nos é totalmente desconhecido. É praticamente considerado
o lado mais nervoso de Porto Alegre.
O que essa
amiga nos arrumou foi um baita estresse. E Porto Alegre não é nenhuma
megacidade. Mas, mesmo assim, foi uma barra pesada: automóveis, ônibus e
caminhões em profusão, buzinadas histéricas, motoristas nervosos, gente sem
paciência, sem solidariedade, poluição visual, enfim, uma louca aglomeração com
cartazes, propagandas, sinais e retornos mal sinalizados. Coisa própria para
desentendimentos com motoristas alterados. Todo o progresso é meio desumanizado.
E tudo tem um preço.
Mas as
cidades são assim: têm seu lado calmo e agradável e um lado maluco. Paramos
várias vezes para perguntar onde estávamos. Como voltar para o centro da cidade;
como retornar pela Free Way, tínhamos de seguir ou voltar? Ninguém sabia nada:
nem eles, nem nós. Perdemos completamente a noção do caminho. Era uma agonia nos
entroncamentos: pra lá ou pra cá?? Não dava tempo de pensar!! E tocávamos pra
frente, 'seja o que Deus quiser...'
Ao acharmos o
caminho de volta - depois de horas -, e chegar no meu bairro, decidi simplificar
as coisas. A qualidade de vida que tanto buscamos está na maneira que conduzimos
nosso caminho. Está na tranquilidade e nas exigências que buscamos, seja onde
for. É parar para pensar no necessário.
A vida é
simples. Não se percebe muito quando se entra nessa roda de exigências e de
consumo. Por que toda aquela alucinação que passei à procura de algo que
encontraria mais perto de minha casa? O que precisaria de tão diferente que só
haveria naquelas bandas?
Digo então,
que, qualidade de vida está em respeitar nossos limites, nossa cabeça, nossas
forças. Muitas vezes fazemos coisas pensando que temos a força de um trator e
não nos damos conta que, na verdade, temos um motor de fusquinha. Só que os
fusquinhas tinham carroceria e motor ajustados, simples e de fácil manutenção.
Assim deve ser, ajustar as necessidades à uma vida saudável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário