quarta-feira, 26 de agosto de 2015

" Encontro com a realidade "

                                  Editorial Zero Hora


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Depois de uma série de movimentos erráticos, são positivos os sinais oferecidos pela presidente Dilma Rousseff em meio à crise política e econômica. Fragilizada pelas dificuldades de relacionamento com sua própria base política, pela recessão e pela baixa popularidade, a presidente vem revisando dia a dia posições assumidas na campanha eleitoral e nos primeiros meses do segundo mandato. Além da mudança radical na política econômica, com a revisão de condutas nocivas para a produção, a renda e o emprego, a presidente adotou medidas que até bem pouco considerava dispensáveis, como a redução da gigantesca estrutura ministerial montada para sustentar a base parlamentar.
Outros gestos devem ser reconhecidos, como a admissão da gravidade da crise e dos erros cometidos ao longo do primeiro semestre, muitas vezes de negação de um ambiente de perda de confiança de quem produz e da sociedade em geral. É uma atitude tardia, mas que pelo menos expõe ao país uma pessoa mais humilde e menos arrogante, que invariavelmente manifestava contrariedade diante de qualquer contribuição crítica para a solução das dificuldades na economia e na política.
Mesmo que tal comportamento aconteça muito tempo depois dos primeiros alertas, é relevante que a chefia do Executivo dá sinais de que a realidade se revela incontestável. O governo passa a ser desafiado a recuperar o tempo perdido pela soberba, que subestimou a combinação de recessão e inflação e a própria depreciação do capital político obtido por uma governante reeleita. A senhora Dilma Rousseff defronta-se com um Brasil que lhe cobra determinação, transparência nas decisões e aceitação de que a caminhada será mais árdua do que a presidente propagava até agora.

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