sábado, 22 de agosto de 2015

Saiba como funciona a conexão entre cérebro e intestino

Dispepsia, constipação e diarreia são sintomas de distúrbios funcionais, problemas que ocorrem devido às manifestações que acontece entre relação

Por: Maria Rita Horn
21/08/2015 - 19h21min
Saiba como funciona a conexão entre cérebro e intestino Dmitry Demyanenko/Deposit Photos
Foto: Dmitry Demyanenko / Deposit Photos
Depois do cérebro, o corpo humano apresenta mais um sistema equivalente em funcionalidade — o digestivo, desde o esôfago até o intestino. Ele trabalha com um conjunto de diferentes sinais químicos e tipos de interconexões. Se você tivesse de dar um chute, confesse que o último seria o intestino. Para a alemã Giulia Enders, formada em Medicina, é hora de deixar de subestimar a importância daquele que ela considera um de nossos órgãos mais charmosos.

O interesse de Giulia pelo intestino começou depois que ela contraiu uma doença misteriosa que a deixou coberta de feridas. Após inúmeros tratamentos, ela ficou convencida de que o problema teria relação com o intestino. Então, em 2007, aos 17 anos, mergulhou em pesquisas gastroenterológicas.
Em 2009, a jovem alemã se matriculou na Faculdade de Medicina da Universidade Goethe, de Frankfurt, e, após participar de palestras sobre o assunto em 2012 — que foram gravadas e viraram sucesso em vídeos na internet —, ela foi convidada por uma editora a escrever um livro sobre o assunto.

Uma experiência com camundongos feita em 2011 se tornou uma dais mais elucidativas pesquisas sobre motivação e depressão, conta a alemã no capítuloCérebro e Intestino de O Discreto Charme do Intestino  Tudo Sobre um Órgão Maravilhoso, livro da escritora de 25 anos que chegou ao Brasil há pouco tempo, depois de se tornar best-seller na Alemanha. Nessa pesquisa, um rato nadador foi colocado em uma pequena bacia com água. Buscou-se descobrir por quanto tempo ele poderia nadar para sair do fundo. Aqueles com traços depressivos se mobilizaram menos e reagiram com mais intensidade ao estresse.

O que aconteceu, então, quando a equipe do pesquisador irlândes John Cryan decidiu alimentar metade dos camundongos com Lactobacilus rhamnosus JB-1, uma bactéria que cuida do intestino? Estes nadaram por mais tempo e motivação e apresentaram níveis de estresse reduzidos. Mas quando os cientistas cortaram o nervo vago, que liga o sistema gastrointestinal ao cérebro por meio de uma estrutura que passa pelo tórax, a diferença entre os grupos de camundongos deixou de existir. O resultado mostrou que, como escreve Giulia, “esse nervo funciona um pouco como uma linha telefônica, por meio da qual um colaborador externo transmite suas impressões à central, ou seja, à cabeça”.

— O conceito atual é de que existe um eixo cérebrointestino. O intestino pode sofrer influência do cérebro, por exemplo, quando a pessoa tem um estresse. Uma diarreia, por exemplo. Ou quando muda de ambiente e o intestino tranca. O contrário também ocorre. Quando a pessoa tem algum desconforto intestinal, fica preocupada, deprime- se, fica ansiosa. Então, na realidade, é um caminho de duas mãos — reforça Carlos Francesconi, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, professor titular do Departamento de Medicina Interna da UFRGS e membro do comitê de Relações Internacionais da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).

                                      O órgão “espião” no meio do tumulto

Nenhum comentário:

Postar um comentário