sábado, 29 de novembro de 2014

" A Disputa Que Não Existe "

Artigo Zero hora


GUSTAVO GRISA--Economista
É bastante singular e, de certa forma, até anacrônica a polarização que se instala em segmentos da opinião pública brasileira toda vez em que há troca da equipe econômica, em que é sugerida uma suposta divisão ou disputa entre defensores da qualidade no gasto público, de metas fiscais rígidas e controle da inflação, chamados de “liberais” ou “ortodoxos”, e aqueles que supostamente teriam uma linha mais “desenvolvimentista”, por apoiar o estímulo às atividades econômicas através da injeção direta de recursos do Estado na economia, e ser mais tolerantes em relação a déficits governamentais, endividamento e até mesmo inflação.

Essa disputa é típica da retórica das décadas de 1960-1970. Hoje já não se aplica à realidade global, nem à realidade brasileira. Os últimos avanços na área de desenvolvimento no mundo demonstram que o que acontece de mais efetivo é uma combinação de um governo responsável com as contas públicas e competente na execução de políticas de desenvolvimento, principalmente com coordenação e agenda local e regional, com ações de gestão estratégica de desenvolvimento e melhoria efetiva do ambiente de negócios, da infraestrutura e do capital intelectual, incluindo empreendedorismo. Não existe geração espontânea de “emprego e renda”, e sim a criação de um ambiente próprio para o desenvolvimento e produção, na indústria, agricultura e serviços, que geram esses empregos e fomentam novos negócios.
A evolução nas instituições governamentais dá condição para que governos utilizem o seu potencial regulador para viabilizar investimentos privados em iniciativas de interesse público, sem que haja necessidade de injeção direta de recursos públicos. Um exemplo recente são os aeroportos de Brasília, Rio de Janeiro e Viracopos, e parte das estradas federais.
Uma maior permissividade no controle das contas públicas e nos gastos com custeio pode levar a perda de confiança, recessão e inflação, que diminui e corrói 

o padrão de vida da população, especialmente dos mais pobres, e não tem nada a ver com desenvolvimento. Por outro lado, a austeridade fiscal permite ao governo aplicar seus recursos com mais foco. Não tem nada a ver com recessão, ou medida antidesenvolvimento. Promove produtividade ao país.
A gestão econômica do país é assunto para profissionais.

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