segunda-feira, 17 de novembro de 2014

" O Desafio Brasileiro "

Artigo Zero Hora


0
FRANCISCO TURRA
Ex-ministro da Agricultura e Presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

Onde erramos? 

Esta é a pergunta lógica quando chegamos à conclusão de que algo não saiu como se esperava. Entretanto, quando falamos da estagnação econômica do Brasil em 2014, a história não é, de fato, surpreendente.

O relatório Focus indica um baixo crescimento, em torno de 0,2%. Inevitável um sentimento saudosista de outros tempos _ não tão distantes _ quando surfamos na onda que nos colocou entre os Brics.
O índice encerra um período marcado pela desaceleração. Conforme o IBGE, a média de crescimento do PIB do governo Dilma foi de 1%, inferior à média de seu antecessor no segundo mandato, com 3,5%.
Obviamente, seria um equívoco delegar à reeleita presidente a responsabilidade integral pelo atual momento. De acordo com o IBGE, nos últimos 30 anos, enquanto o PIB per capita mundial crescia à média de 1,9% ao ano, no Brasil, este índice era de 1,2%.
Nossas taxas de investimento deixaram a desejar. 
Na média verificada entre 2000 e 2012, o índice de Formação Bruta de Capital Fixo (FCBF) _ que mede o investimento de empresas em bens para produzir outros bens _ girou na média de 17,3%, no Brasil. Nos outros países do Bric (China, Índia e Rússia), o índice ficou em 32,4%.
Baixo FCBF é consequência de uma indústria descapitalizada, com custos afetados por taxas de juros absurdas _ os quais disputam os mesmos recursos dos investidores. Aqui, os juros reais de empréstimos giram em torno de 30% ao ano, contra 4% da China e menos de 1% na Rússia. Com um setor financeiro tão favorecido, é previsível que seja mais rentável investir em aplicações que no retorno líquido da indústria.

Nossa indústria _ a verdadeira geradora de empregos _ se vê frente a frente com custos produtivos que estagnam sua capacidade competitiva. Produzir no Brasil custa, em média, 37% mais que na Alemanha. Os produtos com valor agregado estão perdendo espaço em nossas exportações. A indústria não acompanha o crescimento do comércio _ resultado da ocupação dos importados nas prateleiras.
Há uma necessidade urgente da revisão de prioridades da nação. Seguiremos em estradas tortuosas se a atração de investimentos para as indústrias não for estimulada
. Em seu novo mandato, a presidente Dilma tem uma nova oportunidade de resgatar o setor da desaceleração. Que faça bom uso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário