sexta-feira, 14 de novembro de 2014

" Feiras da Vida "

Artigo Zero hora


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NEUSA MARIA CARLAN SÁ
Psicopedagoga, professora, mestre em educação

Os literatos que me desculpem, mas livros são como nabos, abacaxis e outros legumes e frutas mais…
Um dos meus passeios favoritos é acordar-me cedo aos sábados e rumar em direção à Feira Ecológica do Bom Fim. São um encontro e uma alegria indescritíveis: os cheiros, a vida vivendo naqueles vegetais e frutos, o prazer de rever alguns amigos e o bate-papo despretensioso com os feirantes. 

 E, por falar neles, não conheci ainda ser mais alegre e de bem com a vida do que um feirante. Por acaso você já viu um feirante com a cara fechada, com ar sisudo?  Porque da maneira mais singela possível, esses medianeiros entre dois reinos oferecem-nos a forma mais sagrada de permanecermos na vida, que é através do alimento.
Em meio a uma profusão de apelos materialistas, com o avanço da industrialização e embotados pela lei do mercado, ao irmos à feira penetramos em um outro mundo, voltamos um pouco ao passado e ensinamos aos nossos filhos que laranja não nasce na prateleira  do supermercado.
Mas voltemos às desculpas.  Quando vamos a uma feira de livros, a exemplo desta que acontece nos tempos primaveris em Porto Alegre, também entramos em um outro mundo; viajamos por universos imaginários e outros reais. Não é à toa que em um espaço a céu aberto, verduras, legumes e livros recebem a mesma palavra para designar aquele momento tão esperado: “A feira!”.

A fome de livros é a mesma fome de alimentos. A diferença é que uma alimenta o corpo e a outra alimenta a alma.  Ambas têm mais um ponto em comum: quanto mais delas nos alimentamos, mais delas queremos nos nutrir.  Portanto, como serva de mim mesma, alimento o meu corpo e a minha alma saciando minhas fomes.
Livros e alimentos não sufocam a individualidade de cada ser, pois existem em tamanha diversidade que saciam a todos os gostos.  A feira, portanto, é um espaço democrático por natureza, tanto por parte dos seus frequentadores quanto por parte da variedade de produtos que lá são oferecidos.
Feira é também sinônimo de simplicidade, onde a riqueza em essência está no interior de cada produto.
E você, tem fome de quê?

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