sábado, 29 de novembro de 2014

" A Recuperação Da Confiança "

Editorial Zero Hora

Editsabado
Por ter gastado demais, o governo terá que apertar o cinto. Esta é a síntese das sínteses, em uma frase, do discurso em economês feito na última quinta-feira pelo futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Em seu primeiro pronunciamento, ainda na etapa de transição, o economista fez a defesa categórica de suas posições. Sem rigor fiscal, que significa o equilíbrio entre receitas e despesas, o país não tem como retomar o crescimento e assegurar a continuidade de políticas públicas, em especial na área social, disse o senhor Levy. A garantia de que esse será o esforço prioritário da nova equipe, compartilhado pelo ministro do Planejamento e pelo presidente do Banco Central, é o que o país esperava para que sejam revertidos não só os números da economia, mas também as expectativas de quem produz.
Equilibrar as contas públicas é, por consenso, o primeiro passo para que o país volte a crescer. Ontem, um dia depois do anúncio de que Levy seria o ministro, o país foi informado de que o PIB do terceiro trimestre cresceu 0,1%. É pouco mais do que nada. Outro indicador do esgotamento da orientação econômica seguida até aqui foi a queda, no mesmo período, da capacidade de consumo da população. Desde os governos Lula, passando pelo primeiro período de Dilma Rousseff, o governo sustentou suas apostas no mercado interno. Foi uma opção que se exauriu por não ter a companhia do rigor com as contas. O setor público acabou enredado no descontrole fiscal, com impactos em todo o setor produtivo.
O que o país aguarda agora é a modulação do ajuste e suas consequências, porque não havia mesmo outra alternativa. Nesse cenário, é inconsequente o debate em torno do perfil do ministro e da sua linha de pensamento. O rigor com a contabilidade governamental independe de orientações ortodoxas. Adequar os gastos aos que se arrecada é questão elementar de qualquer administração, pública ou privada. O desrespeito a tal premissa foi a causa da desorganização econômica com que o Brasil convive nos últimos anos.
Outra palavra definidora do desafio a ser enfrentado é disciplina, referida pelo futuro ministro como orientadora do que será feito a partir de agora, para que o governo resista inclusive às pressões setoriais. O certo é que 2015 será um ano de sacrifícios e é essencial que cada brasileiro aceite a cota que lhe cabe, sem evidentemente esquecer as más decisões políticas que levaram o país ao impasse que começa a ser contornado.

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