segunda-feira, 1 de setembro de 2014

" A Política Adjetivada "

Editorial ZH


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Além de alterar a bipolarização dos últimos 20 anos, o atual quadro eleitoral da disputa pela Presidência da República introduziu no vocabulário nacional um embate entre duas expressões: a nova política e a velha política.
 
 Trata-se, evidentemente de um jogo de palavras que não condiz com a realidade. Se quisermos adjetivar a política que os brasileiros desejam e demonstraram inequivocamente nas manifestações de rua do ano passado, as palavras adequadas devem ser decência, honestidade e transparência.
 
 Isso não é novo, nem velho. É o que os brasileiros exigem de seus governantes e representantes políticos.

O que ficou evidenciado particularmente a partir dos protestos de junho do ano passado é que os políticos, de maneira geral, comprometeram-se com a mudança defendida nas ruas, mas resistem em adotá-la na prática.
 
 O sinal mais claro da falta de vontade de atender aos anseios populares é a pouca ou nenhuma disposição de levar adiante uma proposta consistente de reforma política.
 
Falta empenho até mesmo para aprovar uma questão essencial para a moralização da política, como a proposta de entidades civis, incluindo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de veto a contribuições de empresas privadas para campanhas.
 
 Doações na expectativa de posterior retorno sob a forma de incentivos fiscais, facilidades em licitações e cargos públicos constituem-se hoje na principal brecha para deformação de uso da máquina pública e para a corrupção.

Nas condições atuais, candidatos a cargos eletivos raramente conseguem escapar de acordos de conveniência para assegurar mais tempo no horário eleitoral obrigatório.
 
Além disso, dificilmente os eleitores asseguram maioria a quem elegem para cargos executivos. Em consequência, os eleitos são forçados a costurar acordos com líderes de partidos com os quais, muitas vezes, não têm qualquer afinidade, na tentativa de assegurar condições de aprovar suas propostas no Legislativo. Uma das consequências dessa prática é a transformação da política num mero balcão de negociações, no qual o toma lá dá cá nada tem a ver com os interesses dos eleitores.

São comportamentos como esses que o país não tem mais como tolerar. Independentemente de rótulos, o que os eleitores almejam é política e políticos compromissados com a ética e o bem comum, com a seriedade e a eficiência na gestão, além de transparência em todos os seus atos.


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