Mais de 100 prefeituras do RS podem ter fraudado compras de remédios
Esquema foi descoberto durante operação da PF realizada em 2011. Até o final de setembro, pelo menos 100 pessoas devem ser indiciadas.
Mais de 20% das prefeituras do Rio Grande do Sul são investigadas por suspeita de fraude na compra de medicamentos, segundo a Polícia Federal (PF). Até o final de setembro, pelo menos 100 pessoas envolvidas neste tipo de crime devem ser indiciadas no estado.
Os indiciamentos são resultado do primeiro inquérito da operação realizada há dois anos, no Norte do estado. A ação teve como objetivo desarticular grupos que fraudavam licitações com o objetivo de desviar verbas públicas destinadas para a compra de remédios.
E o número pode aumentar nos próximos meses. Duas salas inteiras da PF de Passo Fundo são usadas para guardar mais de 300 inquéritos. O esquema tem ramificações em sete estados. Mas é no Rio Grande do Sul que está a maior parte das prefeituras investigadas: 114.
Segundo a PF, há provas para indicar secretários de saúde, funcionários e até prefeitos desses municípios. “Era o conluio entre os participantes que já iam com a proposta basicamente fechada. Então, para determinado município, as empresas que participavam já sabiam quem era o ganhador”, explica o delegado Mauro Vinícius Soares de Moraes.
Quando a operação foi realizada, em maio de 2011, eram apenas oito as prefeituras gaúchas suspeitas de fraude na compra de medicamentos com verbas do programa Farmácia Popular, do governo federal.
A investigação cresceu depois da análise da documentação e de mais de 120 computadores apreendidos durante o cumprimento de 70 mandados de busca e 58 de prisão. Os presos durante a operação estão em liberdade.
Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), os envolvidos combinavam preços para vencer as licitações. “Esse grupo de empresas participava da licitação acordado entre eles fazendo com que uma das empresas fosse a ganhadora, em sistema de rodízio, entre os diversos municípios”, diz o chefe da CGU no estado, Fabio Valgas.
Segundo a Polícia Federal 30 empresas estão sendo investigadas. O representante de uma delas, João Paulo Carvalho, da Cirúrgica Erechim, chegou a ser flagrado por equipe de reportagem explicando como funcionava o esquema. Ele oferecia propina de 20% às prefeituras envolvidas no esquema. Os medicamentos nem sempre eram entregues.
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