Gabi e Malafaia: dois extremos de uma questão
A entrevista do pastor evangélico Silas Malafaia no programa De
Frente com Gabi deu o que falar. O sucesso foi tanto (na TV e nas redes sociais)
que o SBT já pensa em repetir a dose. O “gancho” do programa foi a informação
dada pela revista Forbes em matéria na qual se afirma que Malafaia seria
dono de uma fortuna avaliada em 300 milhões de reais, o que faria dele um dos
pastores evangélicos mais ricos do Brasil. Malafaia se esforçou para provar que
seu patrimônio não passa de quatro milhões. Mas o tema que mais despertou
polêmica – e a indignação da jornalista Marília Gabriela – foi o casamento de
homossexuais e a adoção de crianças por “casais” gays. Dali para diante, a
entrevista “esquentou” e assumiu tom de bate-boca.
Malafaia, que, além de pastor da
Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo também é psicólogo, a certa altura
afirmou que ninguém nasce homossexual, sendo a homossexualidade um comportamento
adquirido. Bastou para que outro personagem oportunista entrasse em cena e
embarcasse no vácuo gerado pela entrevista explosiva: o biólogo Eli Vieira mais
do que depressa postou um vídeo em seu canal no YouTube tentando refutar as ideias do
pastor psicólogo. Eli é figura conhecida na internet por debater com
criacionistas e ofender religiosos (já fui alvo de seus ataques e desrespeito,
como nesta postagem em que ele usa indevidamente minha foto, e nesta outra, em que ele havia colocado nariz de
palhaço em mim e nos
outros citados, mas, sob ameaça judicial de um deles, acabou retirando as
fotos).
Do alto de sua autoridade como
doutorando em genética evolutiva molecular na Universidade de Cambridge, no
Reino Unido, Eli afirma: “Posso garantir, com base em literatura farta, que,
sim, existe uma contribuição dos genes na manifestação da orientação sexual.
Isso não é passível de ser negado mais, já se acumulam muitos estudos [sobre
essa relação].” Ele diz mais: “A genética está dizendo que quando um gêmeo é
homossexual o outro também é, e a chance aumenta conforme aumenta o parentesco
entre eles, isto é, a similaridade genética entre eles. Então como a genética
não tem nada a ver com a orientação sexual, Malafaia?”
O pastor Malafaia também não
perdeu tempo e respondeu: “Toda a argumentação que [Eli] apresenta é apenas
suposição científica, sem prova real, e tremendamente questionada pela própria
Genética. É igual à teoria da evolução, uma argumentação científica que não pode
ser provada. Não existe ordem cromossômica homossexual, só de macho e fêmea.
Então, pseudodoutor, não existe uma prova científica de que alguém nasce
homossexual, apenas conjecturas."
Malafaia prossegue: “Dados de
pesquisas americanas: 86% dos homens homossexuais já se apaixonaram ou tiveram
relação com mulheres; 66% das mulheres homossexuais já se apaixonaram ou tiveram
relações com homens. Como alguém nasce homossexual se já teve relação
heterossexual? Isso é uma piada!
“46% dos homens homossexuais já
sofreram abuso por homens. A pesquisa é mais estarrecedora ao mostrar que 68%
dos homens homossexuais só se identificaram com o homossexualismo após o
abuso.
“Se o rapaz metido a doutor em
Genética quiser saber mais, leia o livro Nascido Gay?, do Dr. John S. H.
Tay, que tem mestrado em Pediatria e dois doutorados: um em Genética e outro em
Filosofia, e analisou 20 anos de pesquisas sobre o assunto.
“Mais uma para o pseudodoutor
sobre os gêmeos monozigóticos, que são idênticos geneticamente: 35% desse tipo
de gêmeo que é homossexual, o seu irmão gêmeo é heterossexual. Logo, conclui-se
que geneticamente não se nasce homossexual, e o fator externo, do ambiente, é
fundamental para determinar isso. Preferência aprendida ou imposta. Ou todos
teriam de ser homossexuais ou todos teriam de ser heterossexuais no caso de
gêmeos monozigóticos.”
Autoridade reconhecida no campo da
Genética, a Dra. Mayana Zatz, em sua coluna no site da revista Veja, deixa claro que a suposta origem genética da
homossexualidade não pode ser demonstrada cientificamente, como o estudante Eli
tenta fazer parecer. Ela diz: “Embora em minha opinião exista uma predisposição
genética para um comportamento homossexual, pesquisas científicas que provem
isso na prática são muito difíceis de serem realizadas [então, Eli, cadê a
literatura farta?]. Pesquisas genéticas são difíceis de serem realizadas com
seres humanos porque não há como analisar comportamentos de pessoas sem levar em
conta o ambiente em que vivem ou foram criados. Além disso, o fato de pessoas
com comportamento homossexual não procriarem dificulta a definição de um padrão
de transmissão genética entre gerações. Estudos de gêmeos idênticos que foram
separados ao nascer e criados por famílias diferentes poderiam potencialmente
trazer informações importantes. Por exemplo, se a concordância (preferência
sexual) entre eles for igual à de gêmeos criados juntos, isso apontaria para uma
predisposição genética. Entretanto, estudos como esses são difíceis de serem
realizados na prática porque requerem amostras muito grandes para terem uma
comprovação estatisticamente significante. [...] Reitero que, ainda que eu
pessoalmente acredite que possa haver uma influência genética para a
homossexualidade, ainda não existe uma comprovação
científica.”
(Se você quiser saber mais sobre
isso, leia também este artigo.)
Para o Dr. Marcos Eberlin, da Unicamp, de certa forma ambos, Silas
Malafaia e Eli Vieira, estão errados. “O Silas, porque disse que a
homossexualidade não é hereditária, e o tal ‘geneticista-mirim’, porque disse
que sim, é. A verdade é que ninguém sabe. Não há como se ter certeza. Há
variáveis demais e amostragem de menos”, diz o cientista.
Os cristãos entendem que o ser
humano tem uma tripla natureza – física, mental e espiritual. Referir-se ao ser
humano como uma criatura apenas comportamental ou genética é um reducionismo
exagerado. Tudo deve ser levado em conta e, assim, mais variáveis são
adicionadas.
Comentando a opinião da Dra.
Mayana, Eberlin diz: “Ela acha, com base em seu viés naturalista, que é [a
homossexualidade é um “assunto”] do corpo; eu acho com base no meu viés que é
essencialmente da alma; mas a Ciência não comporta ‘achismos’, e aqui, incapaz,
se cala.”
Michelson
Borges
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Fonte:
http://www.criacionismo.com.br/2013/02/06
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