domingo, 18 de janeiro de 2015

" Complexo de vira lata para o Salgado Filho "

Rosane de Oliveira

 Z.H

Ninguém me contou. Há uma semana, eu ouvi do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, que mesmo com todas as obras previstas, o Aeroporto Salgado Filho estaria obsoleto em 10 anos. Padilha estava convicto de que a solução era repassar o Salgado Filho à iniciativa privada, em um pacote que incluía a construção do Aeroporto 20 de Setembro, em Portão. Esse arranjo inviabilizaria a ampliação da pista, um projeto que já está com vários anos de atraso. O prefeito José Fortunati reagiu, aliados do governador José Ivo Sartori começaram a minar a ideia, o Sindicato dos Hoteis, Bares e Restaurantes e outras entidades do comércio se rebelaram. Padilha ligou para Fortunati e combinou um novo encontro nesta sexta-feira à tarde. Qual não foi a minha surpresa ao ouvir o ministro dizer que todas as obras do Salgado Filho serão concluídas, “exceto a ampliação da pista”. E por que não vai? Porque não precisa. Porque, segundo o ministro, o Rio Grande do Sul não tem produção que justifique a ampliação da pista em mais mil metros, para receber aviões cargueiros. Se não tem, por que então ele quer o 20 de Setembro com quatro pistas? Com a palavra os colaboradores da Agenda 2020, que calculam em R$ 3 bilhões o prejuízo anual do Rio Grande do Sul por não ter um aeroporto de cargas. Padilha diz que foi mal compreendido. De minha parte, não existe essa hipótese. Falei com o ministro por telefone e também na Rádio Gaúcha. Essa mudança de discurso soa como briga de beleza. Agora, Padilha diz que o Salgado Filho ainda tem uma vida útil de 15 anos, com pista curta mesmo. E que a prioridade da Secretaria da Aviação Civil é a aviação regional. Como na velha parábola do balde de caranguejos, a ampliação do Salgado Filho está sendo puxada para baixo, porque Porto Alegre não precisa de um aeroporto maior. Entra em cena o complexo de vira-latas: será que nosso destino é pensar pequeno?

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