domingo, 25 de janeiro de 2015

" Vitoriosos nas urnas, Sartori, Dilma e Alckmin começam seus mandatos neste ano desgastados por contradições "

primeiro mês de governo


Letícia Soares 
Discrepância de discurso e prática cria desconfiança dos eleitos já no primeiro mês de governo Alan Teo/Flickr
Quem segue o líder? Políticos começam seus mandatos precisando tomar medidas que haviam descartado em campanha, provocando a desconfiança do eleitoradoFoto: Alan Teo / Flickr
Poderia até ser um conto de fadas às avessas – não fossem os fatos reais. Depois de saírem vitoriosos das eleições de outubro, os novos eleitos começam seus mandatos sob o prisma do desencanto.
O novo governador gaúcho, José Ivo Sartori (PMDB), aclamado na campanha como “Sartorão da massa”, suscitou desilusão entre eleitores ao aprovar aumentos para os salários de toda a sua equipe, enquanto afia a tesoura emoutros setores para suprir a alardeada falência do Estado – e em menos de 20 dias já teve de voltar atrás em decisões para minimizar o prejuízo político.
A presidente Dilma Rousseff (PT), reeleita em uma das mais acirradas campanhas da história, é criticada por adotar agora o que dizia que seus adversários fariam, incluindo políticas econômicas austerasaumento de impostos e restrições em direitos trabalhistas – e nem a público veio para se explicar.
O governador do mais poderoso Estado do país, Geraldo Alckmin (PSDB), reeleito em primeiro turno negando peremptoriamente que São Paulo vivesse um racionamento de água, admite enfim o problema – e cogita um novo aumento nas tarifas para tentar conter o agravamento da crise hídrica.
A reversão de expectativas tende a aumentar a descrença da população nos líderes políticos, abreviando as esperanças mesmo entre apoiadores governistas e antecipando para o primeiro mês de governo sentimentos típicos de fim. Mas em que medida essa desilusão generalizada (que se soma aos tantos escândalos de corrupção) representa uma crise de liderança política? E em que grau isso pode representar um risco à própria democracia? As respostas variam conforme o ângulo em que se olha, mas motivos não faltam para preocupação.

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