terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Kiss Dois anos Depois .... a tragédia de 242 mortes

Dois anos depois

marta gleich
Nas semanas que se seguiram à maior tragédia do Rio Grande do Sul – a morte de 242 pessoas na boate Kiss –, os integrantes do Comitê Editorial do Grupo RBS firmaram um compromisso. A imensurável dor provocada pelas perdas daquelas vidas não deveria ser em vão e, no que dependesse dos jornalistas da empresa, não seria. No intuito de que algo assim jamais se repita, combinamos que as redações deveriam manter a Kiss na pauta, acompanhando e cobrando a apuração de responsabilidades, uma melhor legislação para casas noturnas e avanços na prevenção de incêndios. De lá para cá, dezenas, talvez centenas de vezes o assunto esteve em jornais, rádios e TVs da RBS.

Na edição deste domingo, 24 meses depois, Zero Hora traz um novo ângulo ao caso Kiss, invisível até agora para o grande público e igualmente grave: as novas vítimas da tragédia. A cada mês, são registrados de três a cinco novos casos de sobreviventes que, em maior ou menor grau, tiveram sua saúde abalada pelo acontecimento. As chamas da boate Kiss seguem, dois anos depois, alastrando-se e fazendo vítimas.
Os repórteres Juliana Bublitz e Humberto Trezzi, a fotógrafa Andréa Graiz e o assistente Marcelo Carôllo, num trabalho de formiguinha, procuraram 160 sobreviventes. Falaram com cem deles. Desses, 12 relataram sequelas graves que só apareceram recentemente. São homens e mulheres que estiveram no local, pensaram ter se livrado sem maiores problemas físicos ou psicológicos, mas que, de algum tempo para cá, adoeceram, com depressão, estresse pós-traumático, enfisemas, asma, rinite, sinusite.
– Participo da cobertura da tragédia na Kiss desde o primeiro dia, em 27 de janeiro de 2013. É sempre duro voltar a Santa Maria e reviver o drama de quem sobreviveu e de quem perdeu familiares no incêndio. Dessa vez, foi muito impactante saber que as sequelas continuam aparecendo, que as substâncias tóxicas liberadas com o fogo continuam fazendo vítimas. É um sofrimento sem fim – conta Juliana.
– Muita gente desligava ao me anunciar como jornalista. Outros marcavam entrevista e depois nunca mais atendiam ao telefone. Houve até quem simplesmente disse: “Me deixa em paz, por favor. Não posso ouvir falar desse assunto”. É muito dolorido o trauma das vítimas. Uma dor que teima em não desaparecer – relata Trezzi.
No papel, a reportagem editada por Lúcio Charão está nas páginas 14 a 21. A edição nas plataformas digitais, por FêCris Vasconcellos, gerou um site, com depoimentos em vídeo, que você não pode deixar de conferir em zhora.co/2anoskiss. Em outra parte da reportagem digital, ZH visitou sete casas noturnas de Porto Alegre, na companhia de engenheiros especializados em prevenção de incêndios. Todas estão dentro da lei, mas os profissionais identificaram falhas, de leves a graves, que, se resolvidas, poderiam dar ainda mais segurança aos frequentadores.
Infelizmente, não será a última reportagem sobre o assunto. O compromisso firmado no Comitê Editorial se renova, dois anos depois, porque é nosso dever não permitir que irresponsabilidades, omissões e negligências sejam esquecidas.

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