Editorial Zero Hora
A paralisação de servidores da Petrobras iniciada na última semana, que já compromete a produção de petróleo na Bacia de Campos e em outras unidades da estatal, é daquelas que, pelo seu impacto, só pode ser considerada contra o país.
O movimento, comandado por sindicatos ligados à Federação Única dos Petroleiros e à Federação Nacional dos Petroleiros, fica ainda mais difícil de ser aceito pelo fato de ter como principal motivação o novo plano de negócios da estatal, que prevê corte de investimentos e venda de ativos. Se os servidores temem prejuízos com uma decisão que a empresa alega já estar tomada, têm todo o direito de reclamar, mas não podem deixar o país sem combustível.
Uma das federações de trabalhadores do setor chegou a argumentar, entre as razões da greve, que "o condenável esquema de corrupção, envolvendo ex-diretores e ex-gerentes, não pode servir de pretexto para privatizar uma empresa cujos investimentos gerados respondiam, até há bem pouco tempo, por 13% do PIB." Ora, o saque registrado na Petrobras e seus efeitos negativos para toda a economia brasileira justificam plenamente os planos do governo de reduzir o gigantismo da estatal. E, ao mesmo tempo, de assumir efetivamente o seu controle.
É inadmissível que, além das facilidades encontradas para descontinuar atividades essenciais, como é o caso da produção de petróleo, os servidores da Petrobras ainda se achem no direito de insistir numa pauta política.
O país já enfrenta uma crise profunda demais. Não pode agora se tornar refém de uma categoria capaz de utilizar a ameaça de desabastecimento como forma de pressão.
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