terça-feira, 17 de novembro de 2015

" O Papel Social do Jornalismo "

ArtigoZero Hora

Flávio Porcello

Professor de Jornalismo da Fabico/UFRGS


O jornalismo não apenas é importante, mas também essencial para a nossa vida. Como o ar e a água que nos mantêm vivos, a informação é fundamental para nossa sobrevivência. No mundo apressado de hoje, em que a informação é instantânea, torna-se ainda mais relevante valorizar o jornalismo e sua função social de ordenar, hierarquizar, contextualizar e dar sentido aos fatos que viram notícia.
Sexta-feira, 13 de novembro, vimos a reafirmação destes valores. As primeiras imagens dos atentados em Paris vieram das próprias vítimas. Contra as armas dos covardes terroristas, os reféns sacavam seus celulares e smartphones para registrar em imagens e sons os pedidos de socorro entre tiros e gritos dos feridos. 
Marco Aurélio: a motivação Marco Aurélio/Agencia RBS
Uma luta desigual, porém necessária. A informação contra a barbárie. Em instantes, o mundo foi inundado por essa avalanche de cenas horríveis e assustadoras. Por certo, como eu, você ficou sabendo praticamente na hora por uma rede social. E certamente todos nós em seguida fizemos a mesma coisa. Fomos buscar entender o que acontecia no jornalismo mais próximo: rádio, TV, jornal, sites, blogs e redes sociais, não necessariamente nessa ordem. E, como sempre, procuramos nas fontes confiáveis uma explicação para o que víamos com certificado de autenticidade.
Esse é o papel social do jornalismo. Mas a grande maioria dos fatos que precisamos saber não vêm assim de forma tão dramática e impactante. Corrupção, desvios éticos, assédios, racismo, homofobia, preconceitos de todos os tipos não mostram a cara, acontecem de forma dissimulada, quase invisível, encobertos pelo disfarce da mentira e da hipocrisia. E com consequências tão graves e devastadoras como os outros crimes porque também deixam marcas e cicatrizes em suas vítimas. Quando a opinião movida a ódio, ressentimento e rancor ocupa o lugar da informação precisa, por certo ela fará vítimas.
O jornalismo contraria interesses, faz perguntas difíceis de responder, aponta o que os culpados querem esconder, suporta pressões e coleciona desmentidos. Esse é o nosso campo de luta. O jornalista tem que contar o que ouviu, mostrar o que viu, saber colocar-se no lugar do outro e adotar postura ética acima de tudo. O jornalismo deve ser feito com profissionalismo, tolerância, respeito às diferenças. Esses são os princípios fundamentais que devem ser cumpridos sempre. O jornalismo honesto e plural é uma das bases da democracia e da paz social.

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