sábado, 28 de novembro de 2015

" Conflito Urbano "

*Lícia Peres*socióloga


O conflito entre taxistas e motoristas do Uber descambou para agressões inaceitáveis. Logo iniciado o novo serviço, taxistas impediram a saída de um carro que transportaria um passageiro. Poucos dias depois, um motorista do Uber foi agredido a socos e chutes por um grupo de taxistas, precisando ser hospitalizado.
Há coisas que precisam ser analisadas nos seus diferentes ângulos. O Uber veio para aumentar a oferta de condução em nossa cidade. No caso, são pessoas ofertando serviços particulares que fariam o papel do táxi.
Há o lado dos taxistas, que, justificadamente, reclamam que, enquanto eles cumprem todos os requisitos para trabalhar nos seus carros, aos do Uber nada é exigido.
Precisamos ver também a questão importante do desemprego, que está aumentando a cada dia. Hoje temos 9 milhões de desempregados, e grande parte desse contingente é composto por jovens.
No Brasil, em período de desemprego alto, as pessoas, tradicionalmente, passam a recorrer à informalidade: fazem "bico", viram camelôs etc. É a estratégia da sobrevivência que o nosso povo conhece e pratica. Esse lado não pode ser ignorado. Qualquer pessoa sensata sabe que existem ordens incumpríveis.
São inaceitáveis as declarações do dirigente da EPTC, ao anunciar que passaria a usar o aplicativo, fingindo ser um cliente, para flagrar os motoristas clandestinos, efetuar prisões e apreender seus veículos. Na verdade, uma armadilha que só é justificável para prender bandidos.
A Câmara Municipal, em tumultuada sessão, decidiu proibir o Uber na cidade, decisão que será encaminhada ao prefeito José Fortunati.
Hoje, quando não quero dirigir, uso apenas o teletáxi, pois eu e várias pessoas conhecidas já tivemos problemas com taxistas. Ou ficam zangados se a corrida é curta, ou ouvem rádio muito alto, ou não mantêm os carros limpos. Por isso, há um desejo de ter maior possibilidade de escolha, um direito do usuário.
Essa questão que diz respeito à mobilidade urbana precisa ter uma solução imediata: exigência de alguma normatização para que o novo serviço possa ser oferecido, e punição severa aos que usam a violência como forma de resolver conflitos. Assim Porto Alegre sai ganhando.

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