quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Editorial Zero Hora 

Ainda que atenue o problema imediato do atraso na folha de pagamento dos servidores, a iniciativa do governo Sartori de antecipar a devolução de recursos de incentivos fiscais, aprovada ontem pela Assembleia Legislativa, é outro atestado inequívoco da falência da administração pública e da insustentabilidade da burocracia estatal. O governo vende o futuro não apenas para pagar o passado, como admitiu o secretário Giovani Feltes, mas também para manter uma estrutura administrativa que consome muito mais do que devolve em obras e serviços para os contribuintes.
Ao negociar para que a empresa General Motors antecipe a quitação de débitos referentes ao programa Fomentar-RS, pelo qual recebeu incentivos estaduais para implantar e duplicar a sua planta em Gravataí, o governo garante o ingresso de recursos para o pagamento em dia dos servidores, mas inviabiliza o ingresso futuro da receita contratada. Ou seja: resolve-se uma dificuldade imediata da atual administração com prejuízo para as futuras. Não serve de atenuante o fato de outros governantes terem adotado atitudes semelhantes, seja gastando recursos de terceiros (caso dos depósitos judiciais) ou criando despesas para seus sucessores pagarem (caso de reajustes generosos para algumas categorias de servidores).
Enquanto a estrutura administrativa do Estado não for redimensionada para caber na arrecadação, os gaúchos continuarão reféns desse esquema perverso que começa no instituto da estabilidade, passa por secretarias e empresas públicas de pouca ou nenhuma efetividade, envolve deformações salariais entre os poderes e culmina numa conta que não fecha, escandalosa e impagável.Gastando o futuro Gilmar Fraga/Arte ZH

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