quinta-feira, 23 de julho de 2015

" Veto Necessário "

Editorial Zero Hora


A presidente Dilma Rousseff agiu com prudência ao ignorar as pressões e seguir as recomendações do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, vetando integralmente o projeto que concede reajuste de até 78,6% aos servidores do Judiciário. Não tinha como ser diferente. Diante de um setor público em crise e da necessidade de um rígido processo de ajuste fiscal, o Planalto não poderia seguir o exemplo dos parlamentares, que se mostraram mais preocupados com o próprio futuro eleitoral. Os servidores têm todo o direito de reivindicar salários maiores, mas não o de ignorar a realidade do setor público.
Dados do Planejamento mostram que, se o Congresso insistir no reajuste, derrubando o veto, a conta adicional será de R$ 25,7 bilhões em quatro anos. E mais: a diferença atual entre os salários do Judiciário e de carreiras similares do Executivo, hoje de 60%, passará a ser de 170%. Ainda que as reivindicações dos servidores da Justiça sejam legítimas, esse é um exemplo claro da falta de sintonia entre uma corporação e o restante dos trabalhadores.
Nenhuma categoria funcional _ no Executivo, no Legislativo e no Judiciário _ pode ignorar o fato de o país estar passando por uma crise financeira de grandes proporções. E não há também previsão orçamentária para o reajuste pretendido.
É visível que a máquina administrativa continua pesada demais e seguem inalteradas deformações como o aparelhamento de empresas públicas por interesses políticos. Os servidores, incluindo os do Judiciário, não são responsáveis pelas dificuldades do setor público. Mas, assim como os demais cidadãos que estão sendo sacrificados pela alta dos preços e das tarifas, todos precisam ter consciência da gravidade do momento.

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