quarta-feira, 29 de julho de 2015

" O Brasil toma Susto "

 A  agência de classificação de risco Standard & Poor's mudou a perspectiva de nota de crédito em moeda estrangeira do Brasil, que era estável, para negativa, alertando para a possibilidade de tirar do país o tão precioso grau de investimento. Mas o que isso quer dizer? E, mais importante, o que afeta na sua vida?
Bem como a Moody's e a Fitch Ratings, a Standard & Poor's é uma agência internacional que classifica empresas ou países para definir se são um investimento seguro. Em um ranking que vai de AAA a D, o Brasil manteve-se com BBB-, mas, se descer um degrau apenas, será classificado como BB e, pelo menos nessa agência, perderá o grau de investimento que conquistou no final da última década, passando a ser divulgado como um investimento especulativo, mais arriscado.

De acordo com o economista da Fundação de Economia e Estatística e professor da PUCRS Alfredo Meneghetti, esse é um primeiro sinal, mas se as principais agências rebaixarem a nota brasileira, pode haver uma fuga dos investidores estrangeiros, que hoje formam praticamente 60% do mercado acionário, para outros países. Não é um bom negócio, se considerarmos que os investimentos estrangeiros diretos no Brasil chegam a cerca de US$ 60 bilhões anuais.
O rebaixamento poderá dar início a uma reação em cadeia. Segundo Paulo Franz, professor de Mercado de Capitais da Unisinos, pode ocorrer a redução no fluxo de Capital para o Brasil e aumantar a taxa de juros para captação de recursos no Exterior, seja para as empresas, seja para o próprio país como tomador de dívidasA.

Franz prevê que o Brasil responda aumentando os juros internos, o que é ruim no ponto de vista da atividade econômica, que já está debilitada. Pode haver redução da atividade econômica, menos investimento, menos produção, menos empregos... Além disso, como o fluxo de capitais de moeda estrangeira diminui, a taxa de câmbio deve subir. De um lado, isso pode ajudar as empresas que lidam com exportação, mas pode acarretar também em um impacto inflacionário interno: a desvalorização da nossa moeda gera uma pressão sobre os níveis de preço. Ou seja, as pessoas poderão sentir tanto no caixa do supermercado, quanto na hora de pedir um empréstimo no banco.
Apenas com o anúncio da Standard & Poor's de que os riscos aumentaram, o Brasil já sentiu consequências nesta terça-feira: o dólar deu um salto à tarde,chegando a R$ 3,43 antes de fechar em R$ 3,36.
— A gente tem uma máxima, de que o mercado age no boato, não precisa a coisa acontecer. Ninguém vai esperar que a classificação de risco seja realmente menor, mas obviamente que que se for anunciado rebaixamento, naquele momento vai ter de novo uma reação dos investidores — afirma Franz.
Mas por que a agência fez esse anúncio? Isso a própria agência respondeu por meio de um comunicado. Disse que houve "uma correção significativa de política durante o segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff", destacando que investigações de corrupção, envolvendo políticos e empresas, estão impactando a perspectiva fiscal e econômica do país e colocando em risco a implementação efetiva das políticas de correção, particularmente no Congresso Nacional.
"Nós revisamos nossa perspectiva do Brasil para negativa para refletir o que nós acreditamos ser uma chance maior do que uma em três de que a correção de política irá, no futuro, enfrentar derrapagem, devido à dinâmica política fluida, e que o retorno para uma trajetória de crescimento mais firme levará mais tempo do que o esperado", diz a agência.
Para Alfredo Meneghetti, trata-se de uma sinalização de que o mercado internacional está acompanhando as negociações políticas e o reajuste da meta fiscal, e que está atento à repercussão da própria crise mundial no país.
— Eu creio, como economista, que não é ainda a hora para fazer esse rebaixamento, o Brasil não mereceria isso nesse momento. É muito importante que se espere até agosto, quando vai ter uma série de encaminhamentos na área política e nos indicadores econômicos — diz, afirmando que o governo anuncia indícios de uma sensível recuperação econômica.
Confira a escala usada pelas agências de classificação de risco:

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