sábado, 25 de julho de 2015

" Até Quando ? !!! "

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LÚCIO CHARÃO
Jornalista, editor em ZH

Já pararam para refletir sobre a atual violência urbana em que estamos inseridos? Em Porto Alegre e Região Metropolitana, é estarrecedora. Dia desses cheguei à Redação e, ao conversar com um amigo e colega, como de costume, vejo-o com os olhos marejados e pergunto: tchê, o que houve? A caminho do jornal, em uma lotação, uma dupla de assaltantes colocou um revólver na cabeça dele. Sob ameaça, disseram: não te mexe senão estouro a tua cabeça. Um mês atrás, outra amiga e colega, ao descer do ônibus no outro lado da Avenida Ipiranga, em frente ao prédio da ZH, foi ameaçada por dois homens, que levaram o celular dela.

_ Olha, eles não tinham mais do que 20 anos _ lembra.

Só neste ano, ela já foi vítima de outro assalto, também na Capital. Dias atrás, um estudante saiu de casa em Porto Alegre e foi à aula. Na saída do colégio, retornou à instituição pedindo ajuda, pois havia sido esfaqueado na altura do coração durante um roubo. Me sinto acuado diante da brutalidade das pessoas e da incapacidade de que se invista mais em segurança pública: não chamar concursados, não pagar horas extras aos PMs e policiais civis. Como ter motivação de ir à rua, prender bandido e combater o crime sem poder honrar contas básicas como água e luz no fim do mês? O Estado está sucateado em termos de finanças públicas. Eu sei. Mas nada se pode fazer para que as pessoas sintam um pouco menos de medo ao sair na rua? No trajeto que faço até o jornal (cerca de um quilômetro a pé) após descer do ônibus, não consigo andar sem olhar para trás, para os lados, enfim, manter-me em estado de constante alerta.

Dia desses, um policial civil foi assassinado por um homem que estava preso pela Lei Maria da Penha. O servidor saiu em busca do suspeito de agredir uma mulher em seu carro particular (a outra viatura da DP estava, também, na busca do foragido) e achou o homem. Amarrou-o com uma corda, pois não tinha algema. O homem se desvencilhou. Lutou com o policial. Roubou sua arma e o matou. E, não bastasse tamanho pavor, dia após dia o governo sinaliza com promessas nada otimistas de pagar seus servidores.

Uma semana atrás, ZH e Diário Gaúcho publicaram série de reportagens estarrecedora contando como uma geração que nem completou 18 anos já foi assassinada nos cinco primeiros meses deste ano. Mais de 35% sequer eram o alvo dos matadores. E aí, onde isso vai parar? Até quando vamos sair de casa com medo de ser a próxima vítima?

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