domingo, 26 de julho de 2015

E agora, o que vai acontecer com a presidente DILMA ROUSSEFF "

 

O PrOA ouviu especialistas para projetar possíveis cenários, tanto em caso de permanência de um governo desgastado quanto em uma eventual queda da presidente Dilma

 
E agora, o que vai acontecer com a presidente Dilma Rousseff? Porthus Junior/Agência RBS
Foto: Porthus Junior / Agência RBS
Se um governo atinge 92,3% de reprovação nos primeiros sete meses, o que vem depois? Qual a extensão real da tempestade que combina rajadas políticas, granizo econômico, gigantescas ondas de corrupção e ventos de impeachment? Em busca de respostas, o PrOA ouviu especialistas de diferentes áreas para projetar cenários possíveis, tanto em caso de permanência de um governo desgastado quanto em uma eventual queda de Dilma Rousseff. Para a maioria dos entrevistados, a tormenta é grave mas não em grau inédito na história, tampouco impossível de ser contornada. Pelo menos por enquanto. Mas, entre os gritos de "fica" e "fora", há silêncios ainda intraduzíveis.
 
Os cenários possíveis para Dilma Rousseff ficar
Ninguém aposta em mar de rosas, mas uma maioria considerável de analistas ouvidos pelo PrOA acredita na reabilitação do governo. Se a presidente se ajudar.
– E, mesmo se ajudando, dificilmente passará dos 20% ou 30% de aprovação (hoje ela tem 7,7%, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada na semana passada). Dilma Rousseff deve terminar o mandato como Fernando Henrique, que, embora não possa ser considerado um presidente mal sucedido, nunca mais pôde aparecer em uma campanha eleitoral – projeta o cientista político Valeriano Costa, diretor do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp.
 
Para recuperar algum apoio popular, não há dúvida de que o famigerado ajuste fiscal precisa surtir efeito. Mas, como as previsões de queda da inflação e de retomada do crescimento apontam só para 2017, até lá Dilma precisa aguentar a pressão no osso. E a medida mais urgente nunca foi das mais simples para a presidente: se comunicar. Sair da toca, dar satisfação, falar com o Congresso, com empresários, com movimentos que ajudaram a elegê-la, com o próprio partido, com a população em geral.
 
– Houve uma gritante mudança de rumo neste mandato em comparação ao primeiro, e isso foi escondido durante a campanha. É fundamental que ela expresse com maior clareza qual caminho está tomando – analisa Bruno Sciberras de Carvalho, professor de Ciência Política da UFRJ.
Sem pronunciamento na TV, Dilma defende políticas do governo nas redes sociais
Um exemplo dessa comunicação claudicante é a atuação do vice Michel Temer como interlocutor com o Legislativo. Um deputado da base aliada diz que Temer “não tem autonomia, não consegue informar as prioridades do governo, não explica o planejamento a médio prazo, nada tem a oferecer aos aliados”.
– É natural que os deputados queiram emendas para distribuir em suas cidades. Se o governo não pode oferecer recursos, precisa oferecer um norte, uma direção. E é bom fazer isso logo, antes que a base se desmanche – alerta o cientista político Fernando Filgueiras, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Dilma jamais será como Lula, que gostava de reunir aliados para bebericar e jogar conversa fora – por isso precisa imediatamente de um interlocutor com vida própria. Não é à toa que na quinta-feira passada Dilma entrou na carona do antecessor – com quem também andava se estranhando – para marcar uma reunião com Fernando Henrique Cardoso e frear as tentativas de impeachment do PSDB.
 
 
As limitações da presidente se evidenciam quando a peça-chave para o diálogo é uma raposa como Eduardo Cunha, o líder da Câmara agora suspeito de receber US$ 5 milhões em propina.
– Quanto antes ele cair, melhor para Dilma – avisa o professor Valeriano Costa, da Unicamp. – Cunha rompeu com o governo e sabe que, para desviar o foco da investigação contra ele, a saída é dar andamento aos pedidos de impeachment que chegam à sua mesa.

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