quinta-feira, 23 de julho de 2015

" A Quem Interessa o IMPEACHMENT " ???

Artigo Zero Hora

DIONE KUHN
Editora de Notícias
dione.kuhn@zerohora.com.br

Para um governo que, em sete meses de mandato, praticamente chegou ao fundo do poço, fica difícil imaginar uma reação capaz de devolver a popularidade aos patamares do primeiro mandato. Mesmo faltando três anos e cinco meses para o término da segunda gestão, a perspectiva é de que a crise econômica dure pelo menos até 2017. Além dos indicadores econômicos em baixa, a Lava-Jato continuará assombrando por um bom tempo o Planalto, uma vez que a força-tarefa que investiga a corrupção na Petrobras ainda trabalha com a perspectiva de novas delações premiadas. Essa mistura de popularidade baixa, denúncias e economia frágil é o que faz manter viva a ameaça de impeachment. Mas, afinal, a quem interessaria o impeachment?
PMDB – É o maior interessado, pois levaria o vice-presidente Michel Temer ao cargo de presidente. Com a máquina administrativa nas mãos, facilitaria ao partido trabalhar um candidato próprio para a disputa de 2018 (o PMDB  nunca elegeu um presidente pelo voto direto). O problema é que, uma vez no poder, Temer precisaria de um Congresso pacificado, unido, para poder governar. O tópico seguinte explica por que seria difícil essa união.
PSDB/Aécio – Aos tucanos só interessaria o impeachment se o vice Michel Temer também fosse afastado (cenário pouco provável). Se o afastamento de Dilma e Temer ocorresse na primeira metade do mandato (até dezembro de 2016), a legislação determina que sejam convocadas novas eleições. Aí, sim, o PSDB seria o beneficiado, especialmente o senador Aécio Neves (ainda muito presente na memória dos eleitores de 2014). Por outro lado, se Temer assumisse o poder, dificilmente o PSDB daria apoio ao novo presidente, pois isso significaria viabilizar um governo que ganharia projeção e cacife para disputar a eleição presidencial de 2018, dificultando a volta do PSDB ao poder.
PSDB/Alckmin – Para os tucanos que veem no governador de São Paulo, Geraldo Alckmin _ e não em Aécio Neves _, um potencial candidato à Presidência, a melhor alternativa seria que Dilma concluísse o mandato, porém sangrando até o fim, tirando do PT as chances de uma recuperação nas urnas. O desgaste de Dilma impacta diretamente na imagem de Lula, hoje o único candidato forte no partido para sucedê-la.
A partir da segunda metade do mandato, um eventual impeachment de Dilma e Temer levaria o presidente da Câmara a assumir o poder e convocar uma eleição indireta. Ou seja, a escolha do novo presidente da República, que cumpriria um mandato-tampão, seria feita somente por deputados e senadores. Quem sairia beneficiado nesse cenário? Cedo demais para projetar.

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