sábado, 31 de maio de 2014

" Uma nova imprensa "


 

Artigo Zero Hora

ANTÔNIO GOULART
Jornalista, diretor da Associação Riograndense de Imprensa (ARI)


O 1º de junho assinala o Dia Nacional da Imprensa. Seu referencial é o primeiro jornal autenticamente brasileiro _ o Correio Braziliense _ surgido na mesma data do ano de 1808. Seu criador, editor, redator e até revisor foi o gaúcho Hipólito José da Costa. O periódico era confeccionado e impresso em Londres e, por ser um crítico da Coroa portuguesa, que mandava no Brasil, só chegava aqui de forma clandestina. Circulou durante 14 anos, com 175 edições.
Passados mais de dois séculos e ao longo de variadas transformações, a imprensa vive hoje um momento de transição. Diante do impacto dos novos meios de comunicação, após o advento da internet e das modernas tecnologias, é notório que os tradicionais veículos impressos de todo o mundo estão em busca de saídas. O objetivo é não perder terreno para o que se chama agora de novas plataformas.
Há controvérsias quanto ao que está por vir. Mesmo com previsões de que o ciclo do impresso em papel esteja por se encerrar, não se pode vislumbrar um desfecho a curto prazo. Tudo aponta para uma convivência harmônica, como já está ocorrendo, entre o passado e o futuro, entre o analógico e o digital, entre o jornal manuseável e o jornal online.
A perspectiva saudável deste panorama incerto é que os leitores estão sendo beneficiados com o resultado do esforço dos nossos veículos em se adaptar aos novos tempos, sem romper com as antigas fórmulas de apresentar seus textos.
No ritmo das crescentes transformações, está surgindo, sem dúvida, uma nova imprensa, muito diferente daquela iniciada por Hipólito da Costa. Um aspecto, porém, não mudou e nem vai mudar. A função primordial e tradicional do jornalismo deve continuar intocável: saber distinguir o que é verdadeiro do que é falso. E só divulgar o que é verídico.
No fundo, o tempo parece não afetar essa atividade ímpar. Quando a imprensa brasileira dava seus primeiros passos, no início do século 19, o filósofo alemão Hegel (1770-1831) cunhou esta frase: “A leitura dos jornais é a prece matutina do homem moderno”. E, com certeza, ainda vai continuar sendo, de um jeito ou de outro.

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