sábado, 31 de maio de 2014

" Guerra Digital "

Editorial Zero Hora


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A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) está convidando candidatos à Presidência da República, representantes de partidos políticos e de provedores de internet para um acordo que contenha a guerra suja nas redes sociais motivada pela campanha eleitoral. A intenção é boa, mas o maior efeito do encontro marcado para terça-feira, em Brasília, será fazer um alerta para os usuários não se deixarem levar pela propaganda enganosa e pela difusão de acusações falsas e maldosas. O melhor que se pode fazer é colocar as pessoas sensatas a serviço de uma cultura de responsabilidade que resulte em maturidade digital, garantindo resultados mais eficientes com oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias.

Legalmente, o uso da internet para propaganda política estaria liberado apenas no dia 6 de julho, depois de encerrado o prazo de pedido de registro de candidatos à Justiça Eleitoral. Há alguns meses, porém, multiplicam-se casos de propaganda virtual, valendo-se sobretudo de redes sociais, que ampliaram consideravelmente o número de usuários desde a última eleição presidencial. Os problemas, porém, não estão na publicidade explícita, e sim nos casos dúbios e, principalmente, nos relacionados a um lado perverso dos internautas: o de valer-se do anonimato para disseminar informações claramente forjadas com o objetivo de favorecer ou prejudicar um determinado candidato.

Diante dos orçamentos cada vez mais elevados das campanhas eleitorais no Brasil, uma das muitas vantagens oferecidas pela internet é a de contribuir para a redução dos gastos. Além disso, permite contato instantâneo com os eleitores, fazendo com que praticamente todos os candidatos em busca de votos se disponham a explorá-la ao máximo neste ano. A questão, num território livre como a rede, é que se pode no máximo evitar os excessos cometidos tanto pelos próprios candidatos quanto por suas assessorias e mesmo simpatizantes.

Eleições éticas dependem de mobilizações como as responsáveis pelo Ficha Limpa e as que cobram mudanças no financiamento de campanha e menos jogo sujo na internet. Por isso, iniciativas bem-vindas como o pacto pretendido pela OAB precisam apelar acima de tudo ao bom senso dos usuários das redes, para que não se deixem enganar, nem contribuam com a difusão de calúnias e injúrias.

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