A confirmação da morte cerebral do cinegrafista atingido por um artefato explosivo no Rio de Janeiro personaliza um crime coletivo praticado por irresponsáveis que usam as manifestações como pretexto para depredar prédios, incendiar veículos e agredir pessoas.
Um ou dois jovens, conforme a apuração policial em andamento e os registros em vídeo, são apontados como autores diretos do ato de acender o rojão e soltá-lo num espaço público lotado de pessoas, sem a preocupação de que poderia causar danos a alguém.
A vítima foi um profissional da imprensa, assim como poderia ter sido uma criança, um idoso, um policial ou até mesmo outro manifestante.
Por isso, antes de se considerar como fatalidade o fato de a bola de fogo projetada aleatoriamente ter atingido o homem que filmava, é importante que se considere o ato criminoso, a estupidez de quem lança uma bomba na multidão, coloca fogo num ônibus com gente dentro ou acende um fósforo num posto de gasolina _ cenas que o Brasil tem visto se repetirem com indesejável frequência nos últimos meses.
A morte do cinegrafista é um crime coletivo, pois seus autores agem impulsionados pela sensação de impunidade crescente, pela renúncia das autoridades em reprimir delinquentes, pela tolerância excessiva com o desrespeito às leis. A aura de romantismo em torno dos protestos de junho passado transformou-se num salvo-conduto para o extremismo. Os governantes, acuados pela mídia e temerosos de prejuízos eleitorais, riscaram do seu vocabulário de ações o verbo reprimir. De uma hora para a outra, toda a responsabilidade pela truculência passou a recair sobre a polícia. Agora mesmo, antes da divulgação dos vídeos que indicam a autoria dos jovens manifestantes, não faltou quem suspeitasse de que o artefato explosivo fora lançado pelas forças policiais.
Ninguém pode defender a truculência, especialmente por parte do Estado, que existe para servir aos cidadão, não para agredi-los. O que se quer é uma polícia preparada, que saiba agir civilizadamente mas que também tenha firmeza e inteligência para conter excessos e prevenir tragédias. Evidentemente, tal estágio só poderá ser alcançado se os legisladores e o Judiciário fizerem a sua parte, oferecendo condições para que os criminosos sejam efetivamente tirados de circulação, sem que os movimentos sociais percam sua importância no fortalecimento da democracia.
Vale para o dia a dia e também para as manifestações que se tornaram frequentes na vida dos brasileiros. Quem ouviu o depoimento da esposa do cinegrafista vitimado pela estupidez deve ter percebido seu apelo para que as famílias dos manifestantes também procurem conter a irresponsabilidade que provoca mortes.
É um recado importante, para que a reação aos atos de violência não seja cobrada apenas das autoridades. A irracionalidade presente nas ruas é um desvio de conduta que deve, sim, ser contido onde se manifesta. Mas, antes, poderia ser evitado, se os familiares dos jovens envolvidos nos episódios não se omitissem no dever de formar cidadãos, e não vândalos sem limites.
Desordem ,Descaso e Conivência com o irresponsável... Essa Bandeira,não é a mesma... com o Governo que temos ! |
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