sábado, 26 de dezembro de 2015

" Brasil Lavado a Jato "

2015 - ANÁLISE ZH

Série retrospectiva sobre grandes temas do ano


O Brasil lavado a jato Edu Oliveira/Arte ZH




A Editoria de Opinião de Zero Hora selecionou cinco grandes temas do ano para análise editorial, levando em conta o impacto no país e no Estado. A série retrospectiva inclui outras visões, em vídeos de editores, colunistas e repórteres do jornal, e uma projeção para 2016.

A maior investigação sobre corrupção já realizada no país começou em 2009, com foco em uma rede de doleiros que atuava em vários Estados, mas mudou de rumo no ano passado com a prisão de empreiteiros e chegou ao auge este ano, a partir do indiciamento de políticos suspeitos de participação no esquema. Dois deles, inclusive, foram parar na cadeia: o ex-ministro José Dirceu e o senador Delcídio do Amaral, ambos do PT. Outros 52 de seis partidos, incluindo deputados, senadores e governadores, entre os quais os presidentes da Câmara e do Senado, também estão sendo investigados com autorização do Supremo Tribunal Federal.
Nunca se viu uma ação de combate à corrupção tão abrangente nem tão determinada. Comandada pelo juiz paranaense Sérgio Moro e coordenada por uma equipe de jovens procuradores do Ministério Público Federal, a Lava-Jato está literalmente lavando o país, levantando sujeiras históricas da administração pública e escancarando comportamentos criminosos de lideranças políticas e econômicas que se julgavam acima da lei.
O uso de um instituto previsto na legislação brasileira, mas pouco adotado pelo Judiciário, deu grande impulso às investigações. Acordos de delação premiada que garantem aos acusados penas mais brandas motivaram relatos verdadeiramente estarrecedores, envolvendo negociatas, desvios de recursos públicos e superfaturamento de obras e serviços. Possibilitaram, também, uma inédita ação de ressarcimento de dinheiro público subtraído. A grande vítima foi a Petrobras que, segundo o Ministério Público, perdeu cerca de R$ 2,1 bilhões por conta da roubalheira. A própria empresa, no balanço de 2014, estimou suas perdas com a corrupção em R$ 6,1 bilhões.
O escândalo provocou rejeição ao governo Dilma Rousseff, principal gestora da estatal no período das maiores irregularidades, elevou a descrença dos cidadãos na classe política e colocou sob suspeita as maiores empreiteiras do país e outros agentes privados que mantêm relações com o poder público. Também evidenciou o que já se sabia: o financiamento de campanhas eleitorais continua sendo o grande campo da corrupção no país.
Mas a Operação Lava-Jato deixa um saldo extremamente positivo. As instituições democráticas que funcionam com independência e eficácia, caso do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, estão devolvendo aos brasileiros parte da confiança que os maus governantes e os maus políticos destruíram. Em contraponto ao Brasil do jeitinho, da corrupção, do apadrinhamento político e da ladroagem, surge um Brasil mais comprometido com a ética e com a integridade.
O ano que está terminando foi dolorido para os cidadãos que trabalham honestamente e se sentem traídos por seus representantes políticos, mas a Caixa de Pandora da corrupção também deixa como legado a esperança de que a limpeza está sendo feita — e de que dela surgirá uma pátria mais bela, mais digna e mais amada.
Editora de Notícias comenta a Operação Lava-Jato


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