quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

" A Autoridade corroída pelo DESPREZO "

Artigo Zero Hora

Sebastião Melo

Vice-prefeito de Porto Alegre (PMDB)

Estivéssemos sob o regime parlamentarista, um voto de desconfiança já poderia ter afastado um suposto Gabinete de Dilma Rousseff. 
Mas vivemos sob a égide do presidencialismo e a crise de autoridade vivida pela presidência será superada ou através da recuperação da confiança no governo ou por meio de um processo de impedimento, nos marcos da democracia.
A reconquista democrática é obra de milhares de brasileiros, que enfrentaram a ditadura militar, muitas deles pagando com a própria vida. 
Desde então, as instituições brasileiras foram consolidadas de tal forma, que o sempre desejado acerto de contas com a corrupção atinge todo o chamado "andar de cima".
O avanço da corrupção sobre o Estado foi tão espantoso que, segundo o juiz Sergio Moro, tornou-se sistêmica, destruindo o patrimônio nacional e colocando em xeque toda linha sucessória, prevista no caso de afastamento da presidente da República, já que os presidentes da Câmara e do Senado são também investigados por corrupção.
A experiência nos ensina que, nos marcos da democracia, a autoridade não é confrontada pela violência, mas corroída pelo desprezo. 
Assim, de todas as iniciativas da presidente para retomar as rédeas do governo, nenhuma sobreviveu, como foram a Agenda Brasil e a reforma ministerial. E a perda de confiança dos eleitores é tamanha que, segundo o Datafolha, 68% deles não reconhecem nenhum avanço em suas vidas nos últimos 13 anos. É que perdida a confiança, ninguém mais atende aos apelos dos governantes.
Neste momento, a cautela e a firmeza devem nos orientar. O futuro promete mais dificuldades, pelo avanço da corrosão da autoridade do Executivo e do Legislativo e deterioração da economia do país.
 Para superá-las, o primeiro passo é o afastamento do presidente da Câmara, garantindo a lisura do processo de impeachment da presidente.
Destaco que a crise corrói a autoridade do governo como um todo, não poupando sequer o vice presidente Michel Temer que, além de também ter assinado decretos que configuram pedaladas fiscais, também aguarda o julgamento do TSE sobre as contas de campanha da chapa vencedora. Conforme o resultado desse conjunto de investigações, talvez a própria sociedade exija ou a renúncia ou o impeachment da presidente e do seu vice.

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