quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

" Dilma está nas mãos das ruas e da ECONOMIA "

Impeachment em discussão
Rosane de Oliveira


Se fosse hoje, a presidente escaparia do impeachment porque não há votos suficientes na Câmara. Daqui a alguns meses, ninguém sabe

Mais do que o rito do impeachment em discussão no Supremo Tribunal Federal, o que deve preocupar a presidente Dilma Rousseff é a deterioração da economia e a voz das ruas, medida não pela presença em passeatas, mas pela opinião da maioria silenciosa. Essa massa que não se veste de verde e amarelo, mas que majoritariamente (70%) avalia o governo como ruim ou péssimo, é que vai determinar o sucesso ou o fracasso do processo contra a presidente. 
O tempo e a economia, tanto quanto os falsos aliados, conspiram contra a presidente. 
Se fosse hoje, Dilma escaparia do impeachment porque não há votos suficientes na Câmara para derrubá-la. Daqui a dois ou três meses, ninguém sabe. Sem um plano para tirar a economia do atoleiro, a presidente deve perder a qualquer momento o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, derrotado na intenção de apertar o cinto para garantir um superávit equivalente a 0,7% do Produto Interno Bruto. 
O jornal Valor Econômico informou que Levy já acertou a saída com Dilma.
 A queda do ministro é motivo de festa para setores do PT, que não aceitam a mão de ferro de Levy em matéria de responsabilidade fiscal, mas é mais um fator de instabilidade na economia. Política e economia são siamesas: se uma vai mal, a outra tende a piorar, num círculo vicioso que, para ser quebrado, precisa de um fato novo. 
No momento, Dilma não tem cartas na manga para produzir um fato capaz de reverter as expectativas negativas. 
Mesmo que o índice de confiança em um eventual governo Michel Temer seja baixo, a combinação entre inflação alta, estagnação e desemprego empurram a presidente para o precipício. Nesse quadro, o ¿vice decorativo¿ passa a ser visto pelos agentes econômicos como uma opção para movimentar os aguapés. 
O rebaixamento da nota do Brasil por mais uma agência de risco, a Fitch, no mesmo dia em que se dá como certa a saída de Levy, adiciona fermento a uma crise que já se inscreve entre as piores da História. Todas as entidades empresariais que fizeram seus balanços nos últimos dias traçaram cenários pessimistas, que devem ficar ainda piores com a queda anunciada de Levy e a perda do grau de investimento, que é uma espécie de selo de bom pagador.

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