Editorial Zero Hora
Delatores e empresas que assinaram acordos de leniência para atenuar as punições decorrentes da Operação Lava-Jato já devolveram R$ 2,4 bilhões aos cofres públicos. É dinheiro subtraído de todos os brasileiros, mas que representa menos de um terço dos R$ 7,2 bilhões desviados da Petrobras para pagamento de propinas a diretores da estatal, que as repartiam entre eles e políticos. Os valores dão a medida da corrupção e expressam um dado importante da mobilização contra os saqueadores de governos e empresas estatais. Os recursos furtados podem, sim, ser recuperados, pelo menos em parte, para que se cumpra uma etapa importante da tentativa de reparação.
A outra etapa, também decisiva para que se desfaça a sensação de impunidade, é a do desfecho de julgamentos a cargo da Justiça, para que corruptos e corruptores não se limitem a delatar, devolver parcela do que roubaram e cumprir penas brandas. O alto volume envolvido exige punições rigorosas e exemplares, no sentido de alertar a todos de que tais fatos não devem se repetir. A divulgação de cifras que assombram também desmonta alegações de que as ações contra os que agiam na Petrobras fazem parte de uma armação política para prejudicar partidos, candidatos e ocupantes de cargos públicos.
Os acordos fechados por delatores expõem o tamanho da roubalheira, a total falta de controle da atuação criminosa de servidores e a total ausência de escrúpulos por parte de quem corrompe e de quem é corrompido.
O balanço oferecido até agora pelo Ministério Público e pelo Judiciário revela que a Operação Lava-Jato já quebrou recordes na devolução de verbas desviadas.
Espera-se que, em sua fase final, também supere recordes de condenações, na exata medida do maior escândalo de corrupção da história do país.
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