Editorial Zero hora
... editorial elogia a independência das investigações e diz que a moralização da administração pública não pode ficar condicionada a disputas eleitorais e partidárias " ...
Uma verdadeira guerrilha ideológica começa a ser travada em torno das investigações do escândalo da Petrobras, promovida ardilosamente por lideranças políticas e partidárias interessadas confundir a opinião pública e em continuar usufruindo das benesses do poder.
Na antevéspera do anunciado pedido de abertura de inquérito contra parlamentares suspeitos de envolvimento nas fraudes, prometido pelo procurador-geral da República para depois do Carnaval, intensificam-se as pressões de bastidores para que adversários políticos também sejam investigados. Mais uma vez algumas lideranças partidárias tentam encobrir suas próprias responsabilidade e de seus correligionários com a cortina do sofisma: se todos fazem, ninguém é culpado.
Ora, essa é uma falsa premissa. Os brasileiros já não suportam mais tanta desfaçatez. Não interessa a que partido pertencem os fraudadores. Todos os que prevaricaram e se apropriaram de bens e recursos públicos devem ser investigados e punidos, de acordo com a legislação e os preceitos constitucionais. Considere-se aí, evidentemente, o direito à ampla defesa assegurado pela Carta Maior. A Lei deve ser igual para todos e, até por isso, ninguém pode ser punido apenas porque seu adversário político quer.
Felizmente, o Brasil tem instituições sólidas e independentes. A Polícia Federal, o Ministério Público e a própria Justiça vêm dando lições de autonomia e competência no cumprimento de suas atribuições constitucionais. Todas as pessoas suspeitas ou acusadas estão recebendo as garantias constitucionais, o acompanhamento de advogados e oportunidades suficientes para se defender. Não há qualquer indício de arbítrio nas investigações.
A moralização da administração pública não pode ficar condicionada a disputas eleitorais e partidárias. As próprias agremiações políticas, cada vez mais desacreditadas, precisam revisar seus quadros e identificar preventivamente eventuais desvios éticos de seus filiados. A estratégia da desconstrução de rivais, tão utilizada na última eleição presidencial, só serve para aumentar a rejeição da sociedade em relação à política e aos políticos. Não cabe mais.
O que o país precisa agora, a partir desse processo doloroso de depuração, é se reconstruir moralmente e superar mesquinharias ideológicas.
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