Editorial Zero Hora
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Diante da alegação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que não será preciso aguardar mais por novos depoimentos das denúncias relacionadas à Petrobras, aproxima-se o momento em que o país tomará conhecimento dos nomes dos políticos envolvidos no esquema bilionário. Até agora, o que as delações de depoentes como o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa deram a entender é que contratos eram superfaturados e repartidos entre empreiteiras, que assim reforçavam suas margens de lucro. Nesse esquema, intermediários, servidores e políticos seriam contemplados com propinas milionárias. Delação premiada não constitui prova nem deve ser tomada como única verdade. Ainda assim, o país precisa conhecer quais políticos, cujos nomes até agora são mantidos em sigilo, têm de fato envolvimento no caso e como serão punidos.
Os números e a relevância de supostos envolvidos em crimes como fraude em licitação, lavagem de dinheiro e corrupção ativa impressionam. O mensalão registrado no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que até agora se constituiu no maior julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), teria desviado R$ 141 milhões. No caso atual, há estimativas de que o dinheiro movimentado poderia alcançar R$ 10 bilhões. Só um ex-servidor da Petrobras beneficiado pela operação fraudulenta se propõe a devolver R$ 250 milhões. E há indícios de que algumas legendas poderiam ser seriamente comprometidas pelas denúncias, incluindo seus próprios líderes.
Nesse contexto, é importante que os inquéritos possam ser abertos tão logo as delações sejam homologadas. Depois da revelação do envolvimento de duas dezenas de empreiteiras, com a prisão de seus representantes, chegou a vez de o país retirar da cena política quem deixou princípios éticos de lado.
A revelação dos nomes de homens públicos favorecidos pela fraude na Petrobras é importante para evitar que toda a classe política, já bastante desacreditada, seja responsabilizada pelos desvios. Além disso, os cidadãos têm o direito de saber quem está traindo a representação por eles concedida.
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