sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

" Extremismo Insano "

Editorial Zero Hora

... atentar contra jovens estudantes confronta a brutalidade com a                                                            educação " ...
Não há crença nem questão política ou ideológica que justifique a barbárie representada pelo assassinato de mais de uma centena de crianças e adolescentes registrado nessa semana no Paquistão. Ainda que a chacina pareça distante da nossa realidade, é impossível ignorar que a família humana é a família de todos nós. Não pode haver tolerância com terroristas radicais, determinados a exterminar inocentes sob o pretexto de vingança ou qualquer outro motivo e abrigados em atos de obscurantismo que têm justamente a educação e estudantes como um de seus alvos.

O assassinato de um ser humano é sempre abominável, pois expressa um fracasso no esforço da humanidade em busca de civilização. Atentar contra jovens estudantes tem um significado ainda mais profundo: confronta a brutalidade com a educação _ e não se pode admitir que a primeira saia vitoriosa dessa luta que representa a empreitada humana por um mundo digno.

Como ressaltou a paquistanesa Malala Yousafzai _ baleada na cabeça há dois anos pelo mesmo Talibã e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2014 _, o único sentimento possível além da dor diante da barbárie é o de que não se pode permitir a derrota para a insanidade e a intolerância. Num país como o Paquistão, com 7 milhões de crianças fora da escola, dois terços dos quais meninas, a resistência precisa começar justamente por áreas com potencial libertador, como a educação.
O acesso ao aprendizado e à informação é o instrumento mais eficaz contra o clima de beligerância e de descaso em relação ao ensino, num país que figura em 113º lugar entre 120 países analisados sob esse aspecto pelas Nações Unidas. A alteração desse quadro exige a derrota do terror, mas também uma revisão de prioridades do governo paquistanês, que investe na área educacional quase a metade dos gastos destinados às Forças Armadas.

O combate aos talibãs radicais tem que ser implacável. Ao mesmo tempo, é importante que o mundo civilizado continue trabalhando para mudar este cenário de conflitos pela diplomacia e pela transformação cultural.

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