Artigo Zero Hora
FERNANDO FERRARI FILHO
Economista e professor titular da UFRGS
Economista e professor titular da UFRGS
No primeiro mandato de Dilma Rousseff, o desempenho de alguns indicadores macroeconômicos, a se confirmarem as últimas estimativas do Banco Central (BC) para 2014, ficou a desejar: a média anual de crescimento do PIB terá sido de 1,5%, o IPCA apresentará um crescimento médio de 6,2% ao ano e o balanço de pagamentos em transações correntes acumulará um déficit da ordem de US$ 270 bilhões.
Os referidos resultados foram influenciados por fatores exógenos e endógenos. Em relação aos exógenos, tivemos a continuidade da crise econômica internacional e a instabilidade dos preços das commodities. Quanto aos endógenos, o principal deles foi a equivocada e populista condução das políticas fiscal, monetária e cambial. Nesse particular, não é demais ilustrar que a Selic oscilou entre 7,25%, em 2012, e 11,75%, em 2014, o câmbio apresentou uma grande volatilidade e o resultado fiscal ficou aquém das metas estabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Diante deste quadro, cujas consequências são o arrefecimento do animal spirit dos empreendedores e o nervosismo dos mercados financeiros, a presidente resolveu sinalizar, ao menos na aparência, mudanças na operacionalização da política macroeconômica ao escolher Joaquim Levy para a Fazenda e Nelson Barbosa Filho para o Planejamento.
Levy, economista de formação convencional, entende que as políticas fiscal e monetária devem ser relativamente neutras, condição para que o mercado se equilibre em conformidade com as condições de oferta e demanda. Barbosa Filho, apesar de ser um economista desenvolvimentista, tem defendido ações menos intervencionistas do Estado na economia, a não ser aquelas voltadas para os programas sociais e as parcerias público-privadas.
Pois bem, o que esperar desta dupla? Por mais que o futuro seja incerto, tudo leva a crer que as políticas fiscal e monetária serão contracionistas e a trajetória da taxa de câmbio estará menos vinculada às operações de swap cambial. Ou seja, o que nos espera no curto prazo são reduções de gastos públicos, menos incentivos e subsídios fiscais, juros maiores e câmbio mais desvalorizado. Se estas prováveis políticas conseguirão dinamizar o PIB, trazer a inflação para o centro da meta e reduzir os desequilíbrios externos (contando, naturalmente, com a contribuição do cenário internacional), somente o longo prazo nos dirá.
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