Segundo visionário, em 2020 computadores serão poderosos o
suficiente para simular o cérebro humano
Acabo de assistir a uma palestra do
inventor e futurista Ray Kurzweil, que está passando uns dias na minha
universidade nos EUA. Kurzweil ficou famoso por suas várias invenções, desde
sintetizadores que podem simular sons de piano e outros instrumentos até um
software para cegos que transforma texto em voz.
Escreveu vários best-sellers, nos quais explora
como o avanço exponencial da tecnologia transformará profundamente a sociedade,
redefinindo não só o futuro mas a própria noção do que significa ser humano.
Segundo Kurzweil a revolução não só já começou como avança rapidamente em
direção a um ponto final, "a Singularidade", quando máquinas e seres humanos
formarão uma aliança que poderá nos tornar seres super-humanos. Ele prevê que
chegaremos lá em 2045.
Segundo Kurzweil, em 2020 computadores serão
poderosos o suficiente para simular o cérebro humano. Baseando seus argumentos
numa lei empírica chamada "Lei dos Retornos Acelerados", ele afirma que em 25
anos o progresso da internet e a velocidade de processamento de dados criarão
tecnologias bilhões de vezes mais poderosas do que as que temos hoje.
Por exemplo, os computadores da década de 1970
eram 1 milhão de vezes mais caros e mil vezes menos eficientes do que o que
temos hoje em nossos celulares, totalizando um aumento de bilhões de vezes em
eficiência de computação por real.
Ele prevê que em 2029 teremos entendido o
funcionamento do cérebro humano, ao menos o suficiente para simular seu
funcionamento em computadores que, a essa altura, serão bem mais poderosos do
que nossos cérebros.
A singularidade, no caso da física dos buracos
negros, da qual Kurzweil tomou sua inspiração, é um ponto além do qual não
sabemos o que pode ocorrer. É onde as leis que usamos para descrever as
propriedades da matéria, do espaço e do tempo deixam de fazer sentido. Isso não
significa que seja impossível compreender a singularidade, mas apenas que não
temos as ferramentas teóricas para fazê-lo.
Já no caso da inteligência artificial, fica bem
mais difícil prever o que poderá ocorrer. Toda tecnologia pode ser usada para o
bem ou para o mal. Se, como Kurzweil, somos otimistas e vemos que a humanidade,
em média, tem se beneficiado com o avanço tecnológico (vivemos mais e matamos
melhor, mas matamos menos), a singularidade trará uma nova era na evolução da
inteligência, na qual o corpo será supérfluo: o que importará será a informação
que nos define.
Afinal, somos matéria arranjada segundo um
plano, e esse plano é uma sequência de instruções, ou seja, um programa.
Se pudermos armazenar essas instruções, em
princípio podemos recriá-las em qualquer máquina, como numa realidade virtual
superavançada. Imagine um personagem do videogame Sims que é tão sofisticado que
se considera vivo. Seremos ele. A realidade, tal qual a percebemos, pode ser
simulada; basta mais informação, mais detalhes, mais velocidade de
processamento.
Se é esse o nosso futuro, é bom começarmos a
pensar nas suas várias consequências. E nos certificar de que nossa informação
terá um backup que não falhará nem poderá ser destruído por forças
malignas.
Do Blog:
Entrevista do futurista Ray Kurzweil:
http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/169925_ANTES+DE+2030+PODEREMOS+NAMORAR+ROBOS+
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