quinta-feira, 6 de julho de 2017

O G20, o clubão das maiores economias do planeta, é filho de duas crises: a asiática (1997) levou à criação do grupo em 1999, como reunião anual de ministros da Economia e presidentes de bancos centrais. Objetivo: coordenar políticas para estabilizar e/ou estimular a economia mundial.



Em 2008, a crise global forçou o grupo a transformar as reuniões anuais em assembleias de chefes de governo. O objetivo continuou o mesmo, ainda mais urgente, dada a gravidade maior da segunda crise.
O upgrade foi uma iniciativa de George Walker Bush, então presidente dos Estados Unidos, continuada com entusiasmo por seu sucessor, Barack Obama.


Tanto entusiasmo que Obama foi essencial para que a cúpula de Londres (2009) aprovasse um pacote de estímulos na impressionante altura de US$ 1 trilhão –equivalente a praticamente dois terços de tudo o que vale a economia brasileira.
Com esses antecedentes, é natural que a nova cúpula do grupo, que começa nesta sexta-feira (7) em Hamburgo, Alemanha, esteja assombrada por um fantasma chamado Donald Trump.

Ou, mais exatamente, pela ameaça do até agora campeão da globalização de cair na retranca do protecionismo e do "America First", antítese da coordenação, que está no DNA do G20.

O fato de Trump ter anunciado a saída dos EUA do Acordo de Paris, o mais abrangente entendimento sobre mudança climática jamais alcançado, é uma comprovação prática de que Washington está cavando um buraco na liderança da governança global.

Como buracos na política são inexoravelmente preenchidos, o G20 de Hamburgo será, à margem dos temas pontuais, um exercício de busca de um novo líder (ou mais de um).

Não que se possa substituir os Estados Unidos, cujo peso é incontrastável. Basta lembrar que a renda per capita do americano é de US$ 57.436 contra magros US$ 15.399 da China, sempre apontada como a potência que vai superar a América.

O que os especialistas imaginam é a emergência de um país ou mais de um capaz de contrapor-se ao isolacionismo de Trump. Diz, por exemplo, Sook Jong Lee, presidente do sul-coreano Instituto da Ásia Oriental:
"Agora, é o momento para outros grandes países fornecerem liderança adicional em resposta aos numerosos desafios transnacionais, incluindo paz e segurança, terrorismo, refugiados e problemas ambientais".

O paradoxal nesse momento é que a China, país fechado, se apresente como campeão da globalização, em contraponto aos Estados Unidos que se voltam para dentro.

"A China gostaria de ver os membros do G20 serem mais incisivos no apoio à iniciativa dela de estimular o 'momentum' da globalização", diz, por exemplo, Ye Yu, do Instituto para Estudos da Economia Mundial (Xangai, China).
É claro que o G20 deste ano, por ser na Europa, é também uma oportunidade para que a Europa, revigorada pelas derrotas recentes do populismo, funcione como referência para o multilateralismo.

Pena que nesse momento de reacomodação o Brasil, que nunca foi candidato a líder, esteja à margem até do debate, por não ter um governo que pense em algo mais do que sobreviver.CLÓVIS ROSSI

O mundo busca novo campeão






O G20, o clubão das maiores economias do planeta, é filho de duas crises: a asiática (1997) levou à criação do grupo em 1999, como reunião anual de ministros da Economia e presidentes de bancos centrais. Objetivo: coordenar políticas para estabilizar e/ou estimular a economia mundial.



Em 2008, a crise global forçou o grupo a transformar as reuniões anuais em assembleias de chefes de governo. O objetivo continuou o mesmo, ainda mais urgente, dada a gravidade maior da segunda crise.
O upgrade foi uma iniciativa de George Walker Bush, então presidente dos Estados Unidos, continuada com entusiasmo por seu sucessor, Barack Obama.


Tanto entusiasmo que Obama foi essencial para que a cúpula de Londres (2009) aprovasse um pacote de estímulos na impressionante altura de US$ 1 trilhão –equivalente a praticamente dois terços de tudo o que vale a economia brasileira.
Com esses antecedentes, é natural que a nova cúpula do grupo, que começa nesta sexta-feira (7) em Hamburgo, Alemanha, esteja assombrada por um fantasma chamado Donald Trump.

Ou, mais exatamente, pela ameaça do até agora campeão da globalização de cair na retranca do protecionismo e do "America First", antítese da coordenação, que está no DNA do G20.

O fato de Trump ter anunciado a saída dos EUA do Acordo de Paris, o mais abrangente entendimento sobre mudança climática jamais alcançado, é uma comprovação prática de que Washington está cavando um buraco na liderança da governança global.

Como buracos na política são inexoravelmente preenchidos, o G20 de Hamburgo será, à margem dos temas pontuais, um exercício de busca de um novo líder (ou mais de um).

Não que se possa substituir os Estados Unidos, cujo peso é incontrastável. Basta lembrar que a renda per capita do americano é de US$ 57.436 contra magros US$ 15.399 da China, sempre apontada como a potência que vai superar a América.

O que os especialistas imaginam é a emergência de um país ou mais de um capaz de contrapor-se ao isolacionismo de Trump. Diz, por exemplo, Sook Jong Lee, presidente do sul-coreano Instituto da Ásia Oriental:
"Agora, é o momento para outros grandes países fornecerem liderança adicional em resposta aos numerosos desafios transnacionais, incluindo paz e segurança, terrorismo, refugiados e problemas ambientais".

O paradoxal nesse momento é que a China, país fechado, se apresente como campeão da globalização, em contraponto aos Estados Unidos que se voltam para dentro.

"A China gostaria de ver os membros do G20 serem mais incisivos no apoio à iniciativa dela de estimular o 'momentum' da globalização", diz, por exemplo, Ye Yu, do Instituto para Estudos da Economia Mundial (Xangai, China).
É claro que o G20 deste ano, por ser na Europa, é também uma oportunidade para que a Europa, revigorada pelas derrotas recentes do populismo, funcione como referência para o multilateralismo.

Pena que nesse momento de reacomodação o Brasil, que nunca foi candidato a líder, esteja à margem até do debate, por não ter um governo que pense em algo mais do que sobreviver.

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