quinta-feira, 26 de setembro de 2013

" Partidos Demais "

EDITORIAIS ZH

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta semana a criação de mais dois partidos políticos, elevando o espectro nacional de siglas para 32. O total pode aumentar até o dia 5 de outubro próximo, data limite para filiação de candidatos que querem participar das eleições do próximo ano. Entre os casos pendentes de aprovação, está a Rede Sustentabilidade, da possível candidata à Presidência da República Marina Silva. A questão é que, ao invés de contribuir para reforçar a diversidade da democracia brasileira, um número tão excessivo de legendas, na maioria das vezes, serve mais para atender aos interesses de projetos pessoais de políticos e para confundir os eleitores.

As recentes manifestações de rua no país ajudaram em muito a escancarar a descrença da sociedade de maneira geral em relação a seus representantes, tanto em postos no Executivo quanto no Legislativo. Os próprios partidos se encarregam de reforçar uma imagem pouco construtiva entre os eleitores toda vez que seus integrantes se envolvem em denúncias de corrupção.

Uma das agremiações recém aprovadas – a tempo, portanto, de lançar candidatos pela sigla em 2014 – já surge sob denúncias de fraudes no recolhimento de assinaturas necessárias para sua legalização. O fato de nem a pressão popular assegurar maior preocupação com questões éticas entre líderes políticos contribui para aumentar ainda mais a falta de confiança dos eleitores na capacidade das legendas fornecerem respostas à sociedade.

A questão é que, no Brasil, além de surgirem em grande parte por motivações pessoais, legendas políticas se limitam muitas vezes a perseguir objetivos particulares. Entre os reais interesses, destacam-se, no caso, as verbas dos fundos partidários e facilidades exclusivas de políticos, como a de arranjar emprego para correligionários, incluindo amigos e familiares.

A eliminação desse tipo de prática só seria possível com uma profunda mudança cultural, a ser perseguida de forma contínua, durante muito tempo. O país, porém, poderia encurtar o caminho se seus representantes no Congresso entendessem a importância de uma reforma política ampla, preocupada em assegurar o surgimento e a continuidade de partidos mais compromissados com conteú- dos programáticos e menos preocupados com técnicas de marketing.

A proliferação de partidos sem qualquer significado e de baixa representatividade está na raiz da corrupção, pois muitas dessas agremiações são constituídas apenas para receber recursos do Fundo Partidário e para negociar apoio e espaço no rádio e na televisão. A permissividade dos próprios tribunais eleitorais, que desconsideram suspeitas de fraudes, gera esse falso pluripartidarismo, que só degrada o processo político-eleitoral no país.

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