Quem dá nome às coisas?
Tudo que existe no mundo tem um nome.
Mas quem são as pessoas que têm a missão de nominá-los? O poeta e filólogo
Fernando Beltrán é um dos pioneiros desta profissão, imprescindível e ao mesmo
tempo desconhecida
Na foto acima, o conselheiro
diretor-geral de Amena,
Belarmino García (esquerda), e
o diretor de comunicação, Manuel
Bueno (direita).
Amena se transformou em uma marca
conhecida em nível
mundial
Laura
Serrano-Conde
Da
EFE
Todas as coisas têm seu nome. Desde o dia em
que nasce o ser humano se esforça para dar nome aos objetos que quer, porque o
nome é a referência.
Mas quem é a pessoa encarregada de escolher os
nomes dos objetos? O poeta e filólogo Fernando Beltrán (Astúrias, 1956) é um
nominador profissional, um ofício imprescindível e apaixonante, mas pouco
conhecido das pessoas.
Seu trabalho é "dar nome às coisas". Ele não é
publicitário, não é vendedor, nem escolhe a marca de um produto. Ele escolhe uma
palavra para nomear algo que até o momento era inominável e o transforma em
realidade.
Ele é um nominador, um ofício necessário e
apaixonante, e graças ao qual é possível chamar pelo nome hoje a bebida Naranyá,
o supermercado Opencor, o zoo Faunia e a cadeia hoteleira Be Live.
"A maioria das pessoas não sabe o que é um
nominador. Nós colocamos nomes nas coisas, porque o nome é algo fundamental. Eu
sempre digo que uma imagem vale mais do que mil palavras, mas nunca mais do que
uma palavra", revela à Agência Efe Beltrán, que acaba de publicar seu livro "El
nombre de las cosas", no qual explica em que consiste esta peculiar forma de
ganhar a vida.
Um poeta que perseguiu seu
sonho
Fernando Beltrán soube desde criança que seu
destino era ser poeta. Ele sempre foi "um romântico empedernido", e quando
completou 18 anos, contra a vontade de seus pais, saiu de casa para construir
seu futuro literário.
Fotografia do autor, Fernando Beltrán, cedida pelo Editorial Conecta |
Ninguém me entendia, mas eu era apaixonado pela
poesia. Meu pai era um grande advogado e queria que eu estudasse Direito como
ele, mas não segui essa carreira", confessa.
Beltrán se transformou em um poeta e como todo
bom poeta, viveu sempre de outra profissão. Foi administrador, livreiro,
jornalista, roteirista de cinema e publicitário.
"Experimentei muitas profissões que sabia eram
circunstanciais, que quando me viesse a inspiração para escrever ia deixá-las,
mas era preciso viver. Quando comecei a trabalhar na agência de publicidade,
percebi que as empresas gastavam milhões em anúncios e na imagem do produto, mas
o nome era considerado algo secundário", lembra.
E foi assim que em 1989 ele decidiu montar sua
própria empresa, "El nombre de las cosas", e inventar um novo ofício.
"Não sou publicitário, não faço desenho
gráfico, eu crio nomes. Também não invento marcas, confusão que as pessoas
frequentemente fazem. O que eu faço é escolher um nome que depois, com o tipo de
letra e a cor, pode chegar a ser uma marca", indica.
"O nome sempre está dentro do nomeado. Eu só
tiro o pó e descubro", conta.
Amena, a galinha dos ovos de
ouro
Seu começo não foi fácil. Ele trabalhava
sozinho e sobrevivia a duras penas com o pouco dinheiro que entrava. Até o dia
em que recebeu a oportunidade.
Tudo mudou quando uma conhecida companhia
telefônica espanhola, que procurava uma marca para uma nova linha de celulares,
contratou uma empresa e esta, por sua vez, terceirizou a criação do nome para
ele. Após muitas horas de trabalho e várias folhas gastas, nasceu Amena (agora a
Orange), o nome que o catapultou ao ponto mais alto.
"Foi uma explosão. Escolhi porque era uma
palavra diferente, agradável, quente e feminina. Cobrei uma miséria por esse
trabalho, nem digo quanto porque me dá vergonha, mas isso abriu as portas para
novos clientes e desde então não pararam de chover novos contratos",
afirma.
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Fonte: http://noticias.br.msn.com/
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