Inteligência é genética?
Rogério Tuma
Muitos estudos científicos tentam
descobrir como e por que alguns são mais inteligentes que outros. Sem dúvida,
inteligência que pode ser resumida simploriamente na capacidade de resolver
problemas é constitucional, isto é, nasce com o indivíduo e com o tempo a
experiência e o conhecimento aprimoram as soluções. Mas se nascemos com nossa
inteligência determinada ela é necessariamente herdada?
A variabilidade de níveis de inteligência é tão
grande que fica claro que dezenas ou centenas de genes interferem em nosso
cociente de inteligência, o que torna difícil para os cientistas comprovar a
teoria de que um determinado gene contribui para melhorar nosso QI. Cientistas
americanos e ingleses concluíram o maior estudo genético na busca de um gene
específico que poderia interferir na inteligência humana. Mais de 200
pesquisadores compararam a existência de uma mutação, isto é, uma mudança no
código de um gene, o HMGA2, em mais de 21 mil indivíduos e comparam com o
tamanho de partes do cérebro de cada um deles.
A descoberta foi que se esse
gene, que antes era associado apenas à altura humana, sofrer uma modificação em
seu DNA com a troca de uma molécula- e a timina ser substituída pela citosina, o
cérebro do mutante sortudo será 3 centímetros cúbicos maior, e o resultado no
teste de QI é que essas pessoas ganham, em média, 1,29 ponto a mais, se ambos os
pais possuem a mutação o efeito no filho é aditivo com um aumento de 2,6 pontos
no QI.
Esse resultado parece pouco expressivo porque a
mudança foi pequena e os pesquisadores não conseguiram demonstrar se existe uma
área específica que cresce mais que as outras, mas é o primeiro estudo que
associa diretamente um único gene à inteligência humana.
E a escolha política também é genética? O
Laboratório de Fisiologia Política da Universidade de Nebraska-Lincoln,
-coordenado por um cientista político, -John Hib-bing, afirma com uma série de
estudos que pelo menos ela é constitucional, isto é, nosso cérebro já nasce
formado para nos tornarmos liberais ou conservadores.
De acordo com seus estudos, liberais e
conservadores apresentam reações diferentes em situações que exigem respostas
básicas e primitivas do ser humano, por exemplo, conservadores pró-militares
apresentam reflexos mais rápidos quando são assustados com barulhos repentinos,
e quando expostos a imagens ameaçadoras têm resposta de adrenalina mais intensa
e olham mais rápido e por mais tempo essas -imagens. Conservadores são mais
organizados nos locais onde vivem, enquanto os -liberais são mais tolerantes à
bagunça.
O laboratório insiste também
em encontrar diferenças anatômicas nos cérebros dos dois espécimes, em um estudo
ficou demonstrado que conservadores possuem a amígdala direita maior. A amígdala
é uma região profunda do cérebro e está relacionada às reações de medo e ameaça.
Em contrapartida, os liberais possuem mais células no córtex do giro cingulado,
que é responsável pela percepção do erro repetitivo e correção do comportamento
para evitá-lo.
Segundo o cientista, as escolhas políticas são
feitas muito mais por características de personalidade já adquiridas ao
nascimento do que da reflexão de ideias, experiência e aprendizado. O doutor
Hibbing acredita que conservadores nascem menos tolerantes a mudanças, mas são
melhores líderes, trabalhadores e mais leais, enquanto que liberais são
receptivos às novas experiências, adaptativos a mudanças, lidam melhor com
incertezas e são bem mais flexíveis e têm apetite pela vida.
É só olharmos para os lados ou para o espelho
que ficará claro que essas características não são binárias, e portanto não
podemos colocar todos os humanos em apenas dois grupos de escolhas políticas,
mas o que o autor tem como objetivo é pregar a tolerância de todos os lados, já
que o discurso não muda a anatomia.
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*Colunista da Carta Capital
Fonte: Carta Capital on line, 22/04/2012
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