quinta-feira, 8 de junho de 2017

A Economia no BANCO DOS RÉUS


Vinícius  Torres Freire
 
Jorge Araújo - 5.jul.16/Folhapress
SAO PAULO SP Brasil 05 07 2016 No Km 17 da rodovia Anhanguera pátio da montadora Hyundai tomada de veiculos.no ABC Volks com carros espalhados no interior da montadora, no espaço ao lado da Ford Caminhões Mercedes e cegonheiras que carregam veiculos MERCADO Jorge Araujo Folhapress 703 ORG XMIT: XX
Veículos em pátio em SP; indústria automobilística vinha em recuperação até maio
 
ERA DEVAGAR, mas não estava quase parando a de fato miudíssima recuperação da economia no início do ano, "AG" ("Antes do Grampo" de Michel Temer).

Passados 20 dias do escândalo, também não é possível dizer que o caldo entornou todo, se por mais não fosse porque há escassa informação objetiva do que se passou desde então.

Pelo menos até sair alguma decisão do julgamento de Dilma-Temer no TSE, o que se sabe do passado da economia até maio é um tanto arquivo morto, as previsões são o futuro do pretérito e o futuro é puro breu.

Quanto ao fio de recuperação que pode ir para o ralo, considere-se o resultado das montadoras em maio e neste ano inteiro, por exemplo. A venda da produção de carros nacionais cresceu 18% no ano (ante 2017); no mês de maio, 28%. O impulso maior das vendas vinha de exportações, mas vinha.

Quanto ao fio de problemas que pode nos levar para o ralo, sabemos mais apenas das taxas de juros. No mercado, estão 0,6 ponto percentual a 0,8 ponto percentual mais altas que no último dia "AG", o 17 de maio em que a nova crise estourou. Parece pouco, mas não é, e significa na prática que voltamos aonde estávamos em abril.

Como a recuperação depende quase estritamente de juros menores, é má notícia. Como não há perspectiva de se e quando a lambança política mais aguda vai terminar, Banco Central e, mais ainda, bancos vão jogar na retranca. No entanto, não houve pânico. O povo do mercado aumentou seus preços e está esperando para ver.

Na exposição de motivos da decisão da semana passada, o BC reafirmou nesta terça (6) que o ritmo de corte dos juros deve ser menor em 26 de julho e provavelmente cadente em setembro, próxima reunião para tratar de Selic.
Afora milagres, não será um estímulo para que os bancos mantenham a quase imperceptível redução dos juros para os clientes finais, que mal começara em abril.

As primeiras, precárias e ainda raras medidas de choque na confiança de consumidores e empresários indicam retração dos ânimos. Mas tão cedo não será claro o que indicam tais números. A confiança mês a mês é inconstante, ainda mais em um país no quarto ano da regressão da renda per capita e abalado quase semanalmente pelos desclassificados de Brasília.

No mais, há uma campanha agora geral e pública de empresários e banqueiros pela preservação do programa de reformas liberais. Quase ninguém menciona o nome de Temer, como se fosse a peste. Mas há uma tentativa de organizar uma frente "business as usual", tudo como dantes no quartel de Abrantes reformista.

"Não podemos deixar que essas incertezas paralisem o que estava sendo feito", disse nesta terça-feira Murilo Portugal em um congresso da Febraban, a associação dos bancos, entidade que preside. Mesmo desnorteado, o tucanato paulista faz o mesmo discurso.

Não se quer deixar a peteca cair, enquanto não se arruma uma solução político-judicial para: 

1) tirar Temer, problema cada vez mais enrolado;
2) caçar recalcitrantes do Congresso e convencê-los a cumprir o programa da regência liberal, missão quase impossível;
3) garantir que a equipe econômica permaneça a mesma, um acordo tido quase como certo entre os donos do dinheiro.

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