quarta-feira, 21 de junho de 2017


É preciso ouvir mutuamente, valorizar o que os outros 
dizem, concordar ou discordar, expressar-se, 
 criar novos focos, avançar juntos.

Sozinhos não chegamos a lugar nenhum. Um grupo de pessoas das áreas de tecnologia, humanidades e empresarial começaram a trabalhar com a chamada “inteligência coletiva”. Dela deriva a “inteligência colaborativa”. A especialista no assunto, Leticia Soberón, que durante anos esteve no Vaticano como oficial da área de comunicação, acredita que temos que lutar contra a “estupidez coletiva”. Agora, ela aplica a técnica a partir do Innovative Center for Collaborative Intelligence e do Collaboratorium (plataformas para ajudar líderes na tomada de decisão diante dos desafios).
Veja o que ela diz sobre a inteligência colaborativa nesta entrevista:

 O que é inteligência colaborativa?
É um novo modo de realizar o trabalho em equipe potencializado pela tecnologia digital, a conectividade proporcionada pela internet e as vantagens dos smartphones, que se tornaram imprescindíveis na vida cotidiana.

Em 1994, Pierre Lévy sonhou com a “inteligência coletiva”, uma espécie de “supra córtex cerebral” da humanidade, formada por milhões de indivíduos conectados e pensando juntos sobre temas importantes. O saber está distribuído. Como ele mesmo destaca, “ninguém sabe tudo; todos sabem algo; é necessário mobilizar as competências de todos”. Mas nem todo intercâmbio é inteligente, nem a inteligência das equipes dependem somente da inteligência individual de seus membros. Suas dinâmicas precisam ser inteligentes. É preciso ouvir mutuamente, valorizar o que os outros dizem, concordar ou discordar, expressar-se, criar novos focos, avançar juntos.

A inteligência colaborativa é uma forma de “inteligência coletiva”, que ocorre em equipes de trabalho de qualquer área, orientadas à ação e à tomada de decisão. Trata-se, justamente, de co-laborar. Por isso, a discussão deve ter foco, um tema concreto e duração específica; não é indefinida nem genérica. Tampouco é aplicável a um grande número de pessoas: é utilizada necessariamente por “clusters” ou grupos que possam pensar juntos.

Nós definimos a inteligência colaborativa como uma deliberação ordenada, facilitada por tecnologias sociais, que permite a um conjunto de pessoas compartilhar, criar, depurar conhecimento e tomar decisões com maiores possibilidades de superar os desafios que deixam os ambientes cada vez mais complexos e vulneráveis.

São necessárias humildade e honradez intelectuais suficientes para aceitar quando os outros contribuem com algo que eu não saiba, a fim de criar algo que tem alguma coisa de mim, mas não é meu.

 Por que precisamos deste tipo de processo nas organizações?
 A maioria das organizações nasceu antes da internet e trabalha com departamentos ilhados. Elas possuem estruturas rígidas e formais e, inclusive, seus suportes tecnológicos estão desenhados para perpetuar estas ilhas e para uma comunicação pulverizada; em outras palavras, para uma sociedade que já não existe. Se não quisermos ficar obsoletos em pouco tempo, temos de gerenciar novas formas de trabalhar, muito mais colaborativas e em rede.

Mas a colaboração nem sempre é espontânea ou inteligente; tem de ser impulsionada para uma equipe por uma liderança que compreenda a necessidade de ouvir a todos, cada um de seu ponto de vista, e propiciar o trabalho transversal. É necessário favorecer as discussões adequadas para coletar e filtrar o conhecimento de cada pessoa.

 Posso aplicar a inteligência colaborativa em casa, no trabalho…?
 Com certeza! E deveria aplicar em várias áreas. Nós, com o Collaboratorium, aplicamos um modo mais ordenado de debate para ir deliberando juntos e tomando decisões mais consensuais, criando conhecimento novo a partir de cada um. O trabalho é o local onde mais deveria ser promovida a inteligência colaborativa.

Por que você se envolveu com este assunto?
Porque há anos estou estudando as redes de conhecimento: como pensamos juntos, como podemos chegar a um acordo, o que nos faz mais inteligentes juntos e onde nasce a estupidez coletiva. Mas estudo isso com o foco nas pessoas, não na tecnologia. Olhando a pessoa e os grupos como eixos de todo esta rede tecnológica. Entendo isso como uma forma de trabalhar pela paz e pela comunhão.

O mundo não funciona? Estamos propondo a inteligência colaborativa para o mundo?
Sim, proporia mais colaboração inteligente para o mundo. Fornecemos para o mundo técnicas e infraestrutura que funcionam, pretendendo que funcionem ainda melhor, para eliminar a estupidez que provoca tanto sofrimento inútil.
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Reportagem  Miriam Diez Bosch | Jun 19, 2017 
Fonte:  https://pt.aleteia.org/2017/06/19/o-que-e-e-para-que-serve-a-inteligencia-colaborativa/?utm_campaign=NL_pt&utm_source=daily_newsletter&utm_medium=mail&utm_content=NL_pt

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