sexta-feira, 3 de março de 2017

Segundo jornal, empreiteiro confirmou repasses milionários via caixa 2 durante a campanha presidencial de 2014




Marcelo Odebrecht, herdeiro do império que leva seu nome e colaborador da Justiça, confirmou na quarta-feira que parte dos 150 milhões de reais pagos para a chapa de Dilma Rousseff e Michel Temerem 2014 foram repassados via caixa 2. O empreiteiro, preso desde junho de 2015 pela Operação Lava Jato e condenado a mais de 19 anos de prisão, confirmou que chegou a tratar com o peemedebista, então candidato a vice, o acerto durante um jantar no palácio do Jaburu. Ele negou, no entanto, ter discutido valores com Temer. As informações são do jornal O Estado de São Paulo. Parte do valor pago seria uma contrapartida pela votação de uma medida provisória que beneficiou a Braskem, braço petroquímico da Odebrecht.

Marcelo Odebrecht em setembro de 2015.  AFP

Odebrecht prestou depoimento em Curitiba na ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico. Seus relatos reforçam a tese de que doações ilegais feitas pela empreiteira ajudaram a reeleger a petista e seu vice. Caso o TSE entenda que houve abuso de poder econômico, Temer pode perder seu mandato e Dilma se tornará inelegível. Ainda não há um prazo para que a Corte julgue a ação.


O empreiteiro também afirmou que as tratativas para os pagamentos teriam sido feitas entre o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o executivo Cláudio Melo Filho. O depoimento complica ainda mais a situação de Padilha, que já havia sido citado pelo ex-assessor presidencial José Yunes na semana passada como sendo intermediário nos repasses de propina. Amigo de longa data de Temer, Yunes afirmou que o ministro o usou de “mula” para receber pagamentos irregulares – um pacote de dinheiro foi entregue pelo peemedebista em seu escritório na capital paulista. Padilha está afastado do Governo para realizar uma cirurgia.
O pagamento de caixa 2 para a campanha presidencial já havia sido mencionado por Melo Filho em depoimento que integra seu acordo de delação premiada. Melo Filho mencionou o jantar com Temer no qual o então vice teria pedido uma contribuição de 10 milhões de reais. Em dezembro, após o teor da colaboração do executivo ter sido vazado, o Planalto divulgou nota dizendo que o presidente “repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho”. O texto afirmava ainda que as doações feitas pela Odebrecht ao PMDB “foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente”.
Segundo o empreiteiro, parte do dinheiro pago aos emissários de Temer iria irrigar a campanha do também peemedebista Paulo Skaf para o Governo do Estado de São Paulo.
De acordo com Odebrecht, as primeiras conversas com o Governo do PT ocorreram em 2008. Ele mencionou também um encontro com Dilma no México no qual a presidenta teria dito que os repasses feitos pela Odebrecht ao marqueteiro João Santana estariam comprometidos - Isso porque as offshores utilizadas pelo publicitário teriam sido irrigadas com dinheiro de propina. Em nota a assessoria da ex-presidenta negou qualquer irregularidade, e afirmou que "as doações às campanhas de Dilma Rousseff foram feitas de acordo com a legislação".
Sem entrar em detalhes, Marcelo também afirmou que as campanhas presidenciais de Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (Rede) também receberam recursos de caixa 2 da construtora. Outros executivos da Odebrecht que também firmaram acordo de delação premiada irão depor na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, entre eles Melo Filho e o ex-diretor Alexandrino de Salles Ramos.

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