quinta-feira, 24 de novembro de 2011

recomecemos até acertar...

Reaprendendo a escrever







Nina Horta

Reaprendendo a escrever

Pediram-me um blog. Aceitei sem pensar muito. Não estava preparada nem entendia o que era isso

pediram-Me um blog. Arrepiei, mas aceitei sem pensar muito. E não estava preparada, nem tecnicamente, nem entendia de verdade o que era um blog. Só sabia que o mundo tinha blogs demais para minha capacidade voraz de lê-los.

Era preciso criar conteúdos. Para criar conteúdo é preciso tê-lo. Um blog de receitas? Não. É só apertar o Google e elas saltam aos milhares. Tinha que ser original e de boa qualidade. Isso não seria possível com minha incapacidade de anexar filmes, fotos, música. Nem o endereço do meu blog eu decoro para fazer propaganda dele.

Fiz o que muito professor iniciante faz no primeiro dia. Nervoso, dá a matéria do ano inteiro. Escrevi tudo o que sabia em extensos posts.

De repente, percebi que só se dá chamadas e grande atenção aos blogs de futebol. Imaginei que não poderia passar a vida odiando um esporte que o mundo aprecia.

Resolvi ler e prestar atenção no assunto, o que me tomou mais tempo ainda. Além de blogar, fiquei imediatamente fã do Neymar (que graça de coreografia). Sem querer, estou assistindo ao Pan-americano, à final do campeonato de boxe, judô, tênis, vôlei, ginástica olímpica.

Acho que adquiri um novo prazer e menos tempo para o trabalho, o que é normal, graças à minha devoção pelo ócio prazeroso.

A minha vida diária poderia ser interessante, pois um bufê tem assunto todo dia, mas sei fotografar? Não. Riscar com um "x", então...

Escrever todo dia? Passado um tempinho, na maioria das vezes, você estará escrevendo por ter que escrever, sem assunto, e assim não vale. Suponhamos, então, que eu saia atrás de conteúdo. Filmes, aulas, encontros, viagens, restaurantes. Tempo? Dinheiro? Não tenho nenhum dos dois.

Quando preciso muito de uma informação, não são os que leem o blog que me ajudam, mas o Facebook. O Facebook responde a tudo que quero numa generosidade que me desmancha, com testemunhos bem escritos, interessantes, variados. Quem precisa de um blog se tem o Facebook? Boa pergunta.

E não quero vender nada. Até gostaria, mas sei que é difícil alguém voltar a um blog que está vendendo alguma coisa. Mas, se eu ensinar a fazer festas, há probabilidades de que voltem (continuo com a dificuldade de boas fotos, processo de receitas passo a passo, etc.).

A necessidade de leitores. Pensei que era preciso escrever para os leitores. No primeiro mês, tive 9.000, no segundo, 13 mil, no terceiro,

15 mil... E começou a diminuir.

Logo imaginei a debandada geral. Mas, não. Um blogueiro tem que escrever sem pensar se está sendo lido ou não, porque isso prejudica a sua escrita. Escrever só para agradar não dá certo.

Então, parei, sem saber o que fazer. Vou recomeçar de que jeito? Contratando um professor que me ensine as técnicas básicas.

E escrever, no começo, sobre a única coisa que sei fazer bem. Ler. Escrever sobre livros de comida. Todos os brasileiros, ingleses e franceses. Não é o assunto mais vibrante para todos (o mais querido são as memórias). Quando me sentir inspirada, vario um pouquinho. Pois é. Recomecemos até acertar.

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