quinta-feira, 17 de novembro de 2011

o mundo naturalidade da espécie






Sempre tem uma história
de Cláudia Tajes

Enquanto casais apaixonados namoram entre as flores e aficionados por plantas cuidam dos canteiros, uma trama digna de novela da Globo acontece nos jardins. Loucos para acasalar, os machos da espécie Pisaura mirabilis, a popular aranha de jardim, preparam presentes empacotados em teias para seduzir possíveis parceiras.

Na falta de lojas de departamento ou joalherias, os bichos improvisam como podem, embalando suvenires ambicionados, como moscas mortas. O problema é que não tem mosca morta para tanta aranha, o que leva alguns espertos (ou desesperados) a embrulhar sementes estragadas. Pior que isso é quando até as quinquilharias acabam, e o aracnídeo chega com as oito patas abanando diante do seu objeto de desejo.

É aí que entra em ação o instinto de periguete das fêmeas. Das aranhas de jardim, que fique claro.

Cientistas do afamado periódico inglês BMC Evolutionary Biology descobriram que machos sem dote são despachados na hora, perdendo a chance de uma noite de amor. Qualquer semelhança com casos que são notícia nas páginas de celebridades deve ser apenas coincidência. Aqueles que se apresentam com pacotes partem imediatamente para o ato, mas nada está garantido. Mal o aranha-homem começa a dar o melhor de si, a fêmea abre o embrulho.

Os que entregaram presentes decentes ganham então o direito a um acasalamento longo, com maior depósito de esperma e, potencialmente, mais filhotes gerados. Para os que apareceram com sementes podres, a coisa acaba ali, deixando alguns ovinhos, mas poucos, como lembrança.

Segundo os pesquisadores, o coito interrompido serve para o controle demográfico da espécie. Se todos os machos tivessem uma mosca morta para oferecer às suas eleitas, a população de aranhas de jardim cresceria em nível de filme de terror. Melhor o enredo de novela das oito.

Assim é o mundo, cheio de histórias que podem virar um folhetim, um livro, uma música, outra história, para deixar o dia mais engraçado ou menos chato. É só prestar atenção.

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