quinta-feira, 29 de outubro de 2015

" À espera de uma novidade "

Artigo

Mário Henrique Osanai

Médico



  A  monotonia do abandono conferiu ao noticiário cotidiano um roteiro previsível e frustrante. Mudam as vítimas, mudam os algozes (às vezes) e os locais. Mas são mantidos os fatos e consequências. A raridade das situações felizes ou positivas faz com que sejam apresentadas ao final, tentando minimizar a agonia do conteúdo principal.
A sociedade está à mercê da violência, da corrupção, da inépcia e da omissão. A dependência química é abordada superficialmente como doença e como base de criminalidade, mas esquecida no debate de políticas sociais eficazes e justas. A falta de medidas estruturantes em elementos essenciais como segurança, educação, saúde e trabalho é justificada pela escassez de recursos. E os mesmos recursos públicos que faltam à sociedade jorram — literalmente — nos escândalos de corrupção e má gestão. Já não há surpresa ao abrir um jornal, pois o que muda são nomes, locais e datas. O bem público se tornou de poucos quando deveria ser de todos.
Os relatos de eventos construtivos, experiências exemplares ou motivos de esperança são tão raros, que eventos singelos e, inclusive óbvios em outras culturas, merecem destaque. Eventos sobre honestidade, ética e competência viram notícia. A inversão de valores chegou a tal absurdo, que, ao agir conforme tais princípios, o indivíduo será criticado ou suspeito de alguma irregularidade.
Há grande expectativa por alguma novidade verdadeira, por um fato ou um marco que determine mudanças em favor da sociedade. Mas esse tipo de evolução não acontece dessa forma, por um único ou por raros elementos. É preciso entender que a virada já começou, com o avanço da consciência e debate sobre cidadania, valores, princípios, direitos e responsabilidades. A situação praticamente insustentável determinou esse caminho! O combate impiedoso à corrupção será determinante nesse percurso. E precisa ser irreversível!
Depois, é manter o rumo na busca de condições dignas para as próximas gerações. E por uma realidade em que política seja sinônimo de dedicação à causa da coletividade e da nação. Que haja vergonha e punição ao crime e que haja mérito e louvor à virtude. E que venham as notícias para deleite daqueles que acreditam e labutam por um país decente e justo!
Pensar, mudar e agir!
Não por um, nem por poucos. Por todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário