Fiador do que resta de credibilidade no governo mais impopular da história do país, o ministro Joaquim Levy vem amplificando os sinais de que está desconfortável com as hesitações do Executivo e com recentes episódios em que foi desautorizado pela presidente. Depois de um longo período de inércia do Planalto, só o que não pode acontecer é o desperdício da chance de correção de rumos e a eventual desistência do ministro, por falta de apoio político. Foi esse o risco que o governo correu nesta semana, com os indícios de que Joaquim Levy não conta com o respaldo que merece, por parte da presidente da República, à sua dedicação ao ajuste fiscal.
Sabe-se que Levy chegou a cancelar sua ida à reunião dos ministros do G-20 na Turquia, diante das omissões do Planalto, e acabou convencido a ficar no cargo e viajar. A incerteza provocou natural turbulência no mercado, mas é falso perceber a necessidade de apoio à política econômica como uma questão meramente financeira ou empresarial. A permanência de Joaquim Levy não pode ser uma preocupação apenas do setor produtivo, mas de todas as áreas, inclusive dos trabalhadores, engajadas no esforço pela recuperação das empresas, do emprego e da capacidade de consumo da população.
É positivo que, logo depois das reuniões que definiram a permanência de Levy, a presidente da República tenha vindo a público para manifestações mais decididas de apoio ao seu ministro, quando defendeu a necessidade de superávit primário em 2016. Cortar despesas e qualificar os gastos governamentais significa não só referendar as bases do plano de Levy, mas trabalhar no sentido de evitar que o país perca o grau de investimento das agências de classificação de riscos e tenha seu futuro comprometido também pela desconfiança internacional.
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