Editorial Zero Hora
O temor espalhado por homens encapuzados ligados ao tráfico, no Morro Santa Tereza, em Porto Alegre, que entraram em confronto com as forças de segurança e incendiaram um lotação e dois ônibus, reforça a necessidade de reforço no combate ao comércio ilegal de drogas. Os envolvidos na ação argumentam que estavam dando uma resposta à morte de um rapaz em tiroteio com a Brigada Militar, com a alegação de que um inocente foi assassinado. É compreensível que uma morte, em circunstâncias ainda não bem esclarecidas, provoque indignação. Mas não é aceitável que, em meio à revolta de uma comunidade, sejam praticados atos violentos.

A própria Brigada Militar atribui a origem dos fatos ao cenário criado pela ausência de policiamento nas ruas, com a paralisação de parte do contingente, em decorrência do embate entre o funcionalismo e o governo estadual. São informações que não ajudam no esclarecimento do primeiro episódio, que resultou no ferimento à bala e morte do jovem, tampouco justificam a reação. Segundo a BM, grupos organizados de encapuzados promoveram os atos de vandalismo, envolvendo veículos do transporte coletivo sem qualquer relação com os fatos.
Indivíduos que se consideram líderes de uma comunidade, exercendo poder pela disseminação do medo, não têm o direito de se expressar em nome da grande maioria de trabalhadores do Morro Santa Tereza e arredores. Os acontecimentos de ontem devem mobilizar a área de segurança, no sentido de identificar os responsáveis pela morte do rapaz e pelos ataques aos veículos. O aspecto desanimador é a constatação de que muitos traficantes da região já passaram por presídios, depois de ações firmes da própria BM, mas acabaram soltos.
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